Tudo aquilo que é realmente nosso nunca se vai para sempre.
Frases sobre Sempre de Fernando Pessoa
53 resultadosEm toda a filosofia humana, em toda a ciência, há sempre uma ideia fundamental – variável segundo os sistemas e as ciências – que nos esquecemos de provar.
Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem, nem vêem só a multidão de que são, senão também os grandes espaços que há ao lado.
Criador de anarquias sempre me pareceu o papel digno de um intelectual – dado que a inteligência desintegra e a análise estiola.
Toda beleza é um sonho, inda que exista. Porque a beleza é sempre mais do que é.
A vida prática sempre me pareceu o menos cómodo dos suicídios.
Afinal deste dia fica o que de ontem ficou e ficará de amanhã: a ânsia insaciável e inúmera de ser sempre o mesmo e outro.
Conformar-se é submeter-se e vencer é conformar-se, ser vencido. Por isso toda a vitória é uma grosseria. Os vencedores perdem sempre todas as qualidades de desalento com o presente que os levaram à luta que lhes deu a vitória. Ficam satisfeitos, e satisfeito só pode estar aquele que se conforma, que não tem a mentalidade do vencedor. Vence só quem nunca consegue.
Os argumentos são, quase sempre, mais verdadeiros do que os factos. A lógica é o nosso critério de verdade, e é nos argumentos, e não nos factos, que pode haver lógica.
É uma falta de cortesia com os outros ser sempre o mesmo à vista deles; é maçá-los, apoquentá-los com a nossa falta de variedade.
Exprimir é sempre errar.
A vida faz de nós sempre aquilo que nós não queremos.
É sempre mau perguntar, porque pode haver resposta.
Os espíritos altamente analíticos vêem quase que só defeitos: quanto mais forte a lente mais imperfeita se mostra a cousa observada. O detalhe é sempre mau.
A inspiração poética é um delírio equilibrado (mas sempre «um delírio»).
Aborreço-me da possibilidade de vida eterna; o tédio de viver sempre deve ser imenso. Talvez o inferno seja isso.
A humanidade, que é pouco sensível, não se angustia com o tempo, porque sempre faz tempo; não sente a chuva senão quando lhe cai em cima.
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
Tenho sido actor sempre, e a valer. Sempre que amei, fingi que amei, e para mim mesmo o finjo.
É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.