Frases sobre Vez de Manoel de Oliveira

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Frases de vez de Manoel de Oliveira. As mais belas frases e mensagens de Manoel de Oliveira para ler e compartilhar.

Os meus filmes têm histórias um pouco profundas, às vezes difíceis de compreender. Por isso, filmo-os da forma mais clara possível. É preciso que o cinema seja claro, porque tudo o resto (as paixões, a vida), não o é.

Estupidamente, agora as governações proíbem o milho e acaba por se passar fome. Aqui há tempos faltava o milho e ficou tudo aflito. Agora já se pode cultivar milho outra vez. É incompreensível este desprezo pela natureza, da qual nós dependemos inteiramente.

Eu acho que no artista, e mesmo fora do artista, na vida, o subconsciente resolve muita coisa e trabalha tudo. E de vez em quando atira uma coisa para o consciente. Está tudo guardado nessa grande mala que herdamos, que vem no sangue.

Sou um sobrevivente como qualquer outro. A arte é um ofício, uma paixão que as pessoas têm. O usurário tem uma paixão pelo dinheiro e junta o dinheiro para nada – é triste. O artista tende ao absoluto; pode também estar numa situação de revolta. Não é exactamente o meu caso, embora muitas vezes me revolte.

Às vezes acusam-me de que meus os filmes são muito falados. Ora, falados são os filmes americanos, e falam sem dizer nada. Ao menos os meus filmes dizem alguma coisa porque eu escolho textos ricos, bons, profundos, mais difíceis naturalmente. Mas a imagem é formidável.

Nos filmes, como em qualquer obra de arte, há sempre uma grande parte do subconsciente do artista do qual ele não se dá conta. Por isso, as obras enriquecem com o tempo, a crítica vai descobrindo partes mais ignoradas e as obras ficam mais ricas do que quando saem. Na verdade, o homem não mudou, apenas aquilo que fez: o progresso. A natureza do homem é a mesma: a inveja, a vingança, as paixões ou o amor são manifestações da natureza do homem que não mudaram nada. Há pessoas que, às vezes, mudam de partido. Eu pergunto: também mudam de natureza? Ela é a mesma, e é nela que está todo o bem e o mal do homem.

Todos os meus filmes mostram que, de facto, todos os homens entram em agonia no momento em que chegam ao mundo. Sou um grande lutador contra a morte. Passei a vida a observar a agonia, cada vez com mais experiência, com cada vez mais vontade de mostrá-la. Mas a morte acaba por chegar.

Hoje vai-se ver filmes cada vez mais à pressa, cada vez com menos atenção, não exatamente predisposto a confiar [na projeção], a não ser nos efeitos especiais e nos efeitos sonoros espetaculares. A projeção já não chega. A crença no cinema está muito diminuída, [e isso] é terrível porque o que há de mais belo no homem é a sua humanidade, a sua capacidade de confiar nos outros, de ver a imagem dos outros.

A memória é muito caprichosa, fixa umas coisas e não fixa outras. Fixa uma coisa que aparentemente não vale nada e esquece uma coisa que é muito forte. O que retemos na memória é aquilo que o capricho dela reteve, não aquilo que a gente quis reter. Outras vezes há passagens de que a gente não gostaria de falar. Há sempre um segredo, cada um tem um segredo, qualquer coisa que não gosta de ver revelado.