Em nome de cobertura certos jornalistas aceitariam até entrar em Tróia no cavalo dos gregos.
Passagens de MillĂ´r Fernandes
318 resultadosPoeminha de Louvor ao Strip-tease Secular
Eu sou do tempo em que a mulher
nem mostrava o tornozelo;
que apelo!Depois, já rapazinho
vi as primeiras pernas de mulher
por sob a curta saia;
que gandaia!A moda avança,
a saia sobe mais,
mostrando já joelhos
lupercais!As fazendas com os anos,
se fazem mais leves,
e surgem figurinhas, pelas ruas,
mostrando as lindas formas quase nuas.E a mania do sport
trouxe o short.O short amigo,
que trouxe consigo,
o maiô de duas peças.E logo, de audácia em audácia,
a natureza, ganhando terreno,
sugeriu o biquini,
o maiĂ´, de pequeno, ficando mais pequeno
nĂŁo se sabendo mais,
até onde um corpo branco,
pode ficar moreno.Deus, a graça é imerecida,
Mas dai-me ainda
Uns aninhos de vida!
Em ciĂŞncia leia sempre os livros mais novos. Em literatura, os mais velhos.
Bem-aventurados os caolhos, porque sĂł vĂŞem a metade.
Eu nĂŁo quero viver num mundo em que nĂŁo possa fazer uma piada de mau gosto.
Trabalho nĂŁo mata. Mas vagabundagem nem cansa.
Quem fala muito mente sempre porque se esgota seu estoque de verdades.
QuĂŁo maravilhosas sĂŁo as pessoas que nĂŁo conhecemos bem.
O dinheiro não é só facilmente dobrável como dobra facilmente qualquer um.
Eu também não sou um homem livre. Mas muito poucos estiveram tão perto.
Pensar Custa
Pensar Ă© a todo momento e a todo custo. Pensar dĂłi, cansa e sĂł traz aborrecimentos. Melhor Ă© nĂŁo pensar. Mas pensar nĂŁo Ă© facultativo. Se o cĂ©rebro, a mĂnima parte dele que seja, deixa de estar alerta por um momento, penetram lá, como parasitas difĂceis de erradicar, «ideias» vindas da imprensa, do rádio, da televisĂŁo, da propaganda geral, dos produtos em sĂ©rie, do consumo degenerado, dos doutores em lei, arte, literatura, ciĂŞncia, polĂtica, sociologia. Essa massa de desinformação, nĂŁo sĂł inĂştil como nociva, nos Ă©, aliás, imposta de maneira criminosa nos primeiros anos de nossa vida. E se, algum dia, chegamos a pensar no verdadeiro sentido do termo, todo o restante esforço da existĂŞncia Ă© para nos livrarmos de uma lamentável herança cultural. Pois, infelizmente, o cĂ©rebro humano Ă© um dos poucos ĂłrgĂŁos do corpo que nĂŁo tĂŞm uma válvula excretora. E as fezes culturais ficam lá, nos envenenando pelo resto da vida, transformando o mais complexo e mais nobre ĂłrgĂŁo do corpo numa imensa fossa, imunda e fedorenta. Um lamentável erro da Criação.
Sabemos que VOCĂŠ, aĂ de cima, nĂŁo tem mais como evitar o nascimento e a morte. Mas nĂŁo pode, pelo menos, melhorar um pouco o intervalo?
É muito fácil viver com pouco desde que a pessoa não gaste muito para ocultar que tem pouco.
Ser pobre não é crime, mas ajuda muito a chegar lá.
NĂŁo Ă© que com a idade vocĂŞ aprenda muitas coisas; mas vocĂŞ aprende a ocultar melhor o que ignora.
Diplomas, tĂtulos, PhDs! A natureza, ao fazer um ser humano competente, por acaso consulta faculdades?
Inúmeros artistas contemporâneos não são artistas e, olhando bem, nem são contemporâneos.
Algumas pessoas matam. As outras pessoas se satisfazem lendo a notĂcia dos assassinatos.
Pode ser difĂcil encontrar agulha em palheiro. Mas nĂŁo descalço.
Dito e feito; tudo foi dito e nada foi feito.