Aumentar um amor é dar-lhe a importância toda que tem sem deixar de não lhe dar importância nenhuma. Amamo-nos com toda a naturalidade.
Passagens de Pedro Chagas Freitas
270 resultadosÉ tão necessário o mistério, o que fica por dizer, o segredo é o suporte maior da felicidade mundial, soubéssemos todos o que todos sabem e o mundo não duraria um dia.
Desisti de pensar no sentido da vida. Parecendo que não, impedia-me de fazer outras coisas que pudessem dar um sentido à vida.
As intenções nem existem. Nem o próprio é capaz de saber o que o move. Quase sempre não fazemos a mínima ideia de quais são as nossas intenções até executarmos essas intenções que nem sabíamos quais eram.
é muito menos doloroso morrer do que estar vivo com vontade de morrer.
Há-de haver sempre um livro para ler para nos salvar a vida.
A poesia consiste em adivinhar o que está por detrás das calças do verso, deixar o leitor perceber o que está lá, o que porventura estará escrito na textura do poema.
Os amores acabam sempre sem motivo quando não são amores. Quando são continua-se. Mesmo que doa.
O amor compensa a cegueira com o excesso de audição.
Há dois tipos de pessoas: as que correm riscos; e as que estão mortas.
O amor não é saudável, o amor não é razoável, o amor não é sensato. O amor é para ser aquilo que não tem razão, aquilo que não explicação, aquilo que te tira da tua mão.
O amor só existe quando duas pessoas se encontram no meio de duas viagens diferentes.
O que é a poesia senão a forma mais bela de procurar?
A Beleza é uma Construção Cerebral
A beleza consome e dá de consumo, vem de um lado que ninguém conhece, constrói-se com os minutos, com o tempo de degustação, há pessoas que foram ficando bonitas pela repetição, vamo-las vendo e vamos percebendo traços novos, traços diferentes, como se o rosto tivesse vários rostos em si, uma matrioska estética, temos vários rostos no nosso, ou vários olhares no que olhamos, a beleza é um processo de inteligência, uma construção cerebral.
Que nunca pelo Bem se faça o Mal, pois é esse o único pecado mortal.
A loucura repetida é um tédio: uma rotina como qualquer outra. A normalidade consiste em absolutamente nada – e é por isso que tanta gente é viciada nela.
Os melhores preliminares do prazer são os que nunca chegam a acontecer, nados-mortos da nossa imaginação.
Imagina: um drogado diante de um amor; imagina: o drogado a ter de escolher entre a droga e o amor; imagina: o drogado a escolher o amor.
Tudo o que Somos é Ficção
Há que entender que tudo o que somos é ficção.
Pessoas atrás de pessoas pedem-me conselhos. Acreditam que o que escrevo me torna em alguém especial, capaz de lhes entender o que fazem, o que sentem, até o que escrevem. Fico perdido, sem saber o que fazer, sem saber o que dizer. E é por isso que escrevo. Escrever é estar perdido e procurar, a cada frase, um caminho. Ou um simples sinal de que pode haver um caminho, de que pode haver uma esperança. Escrever é procurar a esperança, todos os dias, no que não existe, no que se escreve para ver se existe. Não sou escritor, nunca fui escritor, não quero ser escritor. Sou apenas o gajo que escreve porque tem de escrever, porque os dias exigem que escreva, porque uma urgência qualquer o obriga a escrever. Escrevo como necessidade biológica, e às vezes custa tanto ter de escrever. Não dói mas custa, é uma dor de fora para dentro, como se as letras saíssem da pele, do por dentro dos ossos. E a literatura. O que raios é a literatura? Estou-me nas tintas para a literatura. Não quero escrever literatura, não quero os intelectuais do meu lado.
Tudo o que somos é pessoas e tudo aquilo de que precisamos é de pessoas. É quando a melancolia chega que percebemos que são as pessoas que nos salvam do abismo.