Poemas sobre Herdeiros

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Poemas de herdeiros escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Dinheiro

Quem quiser ter filhos que doire primeiro
A jarra onde, inteira, caiba alguma flor!
Ai dos que tĂŞm filhos, mas nĂŁo tĂŞm herdeiro!
— Dinheiro! Dinheiro!
Ó canção de Amor!

As noivas sorriem, talvez, aos vinte anos.
Os amantes sonham… Sonho passageiro!
Música de estrelas: Ética de enganos;
Ilusões, perdidas depois dos vinte anos..
E logo outras nascem: Dinheiro! Dinheiro!

Teus pais, teus irmĂŁos e tua mulher
CercarĂŁo teu leito de herĂłi derradeiro
(Ai de quem, ouvindo-os, nada lhes trouxer!)
E hĂŁo-de ali pedir-te o que o mundo quer:
— Dinheiro! Dinheiro!

Deixa-lhes os versos que um dia fizeste,
Amarrado ao lodo, porém verdadeiro.
E eles te dirão: — Pássaro celeste,
Morreste? Morrendo, que bem que fizeste!

Ó canção de amor!
Dinheiro! Dinheiro!

Os Pastores

Guardavam certos pastores
seus rebanhos, ao relento,
sobre os céus consoladores
pondo a vista e o pensamento.

Quando viram que descia,
cheio de glĂłria fulgente,
um anjo do céu do Oriente,
que era mais claro que o dia.

Jamais os cegara assim
luz do meio-dia ou manhĂŁ.
Dir-se-ia o audaz Serafim,
que um dia venceu SatĂŁ.

Cheios de assombro e terror,
rolaram na erva rasteira.
– Mas ele, com voz fagueira,
lhes diz, com suave amor:

«Erguei-vos, simples, daí,
humildes peitos da aldeia!
Nasceu o vosso Rabi,
que é Cristo – na Galileia!

Num berço, o filho real,
nĂŁo o vereis reclinado.
VĂŞ-lo-eis pobre e enfaixado,
sobre as palhas de um curral!

Segui dos astros a esteira.
Levai pombas, ramos, palmas,
ao que traz uma joeira
das estrelas e das almas!»

Foi-se o anjo: e nas neblinas,
então celestes legiões
soltam místicas canções,
sobre violas divinas.

Erguem-se, enfim, os pastores
e vão caminhos dalém,
com palmas, rolas, e flores,

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É tão Suave a Fuga deste Dia

É tão suave a fuga deste dia,
LĂ­dia, que nĂŁo parece, que vivemos.
Sem dĂşvida que os deuses
Nos sĂŁo gratos esta hora,

Em paga nobre desta fé que temos
Na exilada verdade dos seus corpos
Nos dĂŁo o alto prĂŞmio
De nos deixarem ser

Convivas lĂşcidos da sua calma,
Herdeiros um momento do seu jeito
De viver toda a vida
Dentro dum sĂł momento,

Dum sĂł momento, LĂ­dia, em que afastados
Das terrenas angĂşstias recebemos
OlĂ­mpicas delĂ­cias
Dentro das nossas almas.

E um sĂł momento nos sentimos deuses
Imortais pela calma que vestimos
E a altiva indiferença
Ă€s coisas passageiras

Como quem guarda a c’roa da vitĂłria
Estes fanados louros de um sĂł dia
Guardemos para termos,
No futuro enrugado,

Perene Ă  nossa vista a certa prova
De que um momento os deuses nos amaram
E nos deram uma hora
NĂŁo nossa, mas do Olimpo.