Dinheiro
Quem quiser ter filhos que doire primeiro
A jarra onde, inteira, caiba alguma flor!
Ai dos que tĂȘm filhos, mas nĂŁo tĂȘm herdeiro!
â Dinheiro! Dinheiro!
à canção de Amor!As noivas sorriem, talvez, aos vinte anos.
Os amantes sonham… Sonho passageiro!
MĂșsica de estrelas: Ătica de enganos;
IlusÔes, perdidas depois dos vinte anos..
E logo outras nascem: Dinheiro! Dinheiro!Teus pais, teus irmĂŁos e tua mulher
CercarĂŁo teu leito de herĂłi derradeiro
(Ai de quem, ouvindo-os, nada lhes trouxer!)
E hĂŁo-de ali pedir-te o que o mundo quer:
â Dinheiro! Dinheiro!Deixa-lhes os versos que um dia fizeste,
Amarrado ao lodo, porém verdadeiro.
E eles te dirĂŁo: â PĂĄssaro celeste,
Morreste? Morrendo, que bem que fizeste!à canção de amor!
Dinheiro! Dinheiro!
Poemas sobre Herdeiros
3 resultadosOs Pastores
Guardavam certos pastores
seus rebanhos, ao relento,
sobre os céus consoladores
pondo a vista e o pensamento.Quando viram que descia,
cheio de glĂłria fulgente,
um anjo do céu do Oriente,
que era mais claro que o dia.Jamais os cegara assim
luz do meio-dia ou manhĂŁ.
Dir-se-ia o audaz Serafim,
que um dia venceu SatĂŁ.Cheios de assombro e terror,
rolaram na erva rasteira.
â Mas ele, com voz fagueira,
lhes diz, com suave amor:«Erguei-vos, simples, daĂ,
humildes peitos da aldeia!
Nasceu o vosso Rabi,
que Ă© Cristo â na Galileia!Num berço, o filho real,
nĂŁo o vereis reclinado.
VĂȘ-lo-eis pobre e enfaixado,
sobre as palhas de um curral!Segui dos astros a esteira.
Levai pombas, ramos, palmas,
ao que traz uma joeira
das estrelas e das almas!»Foi-se o anjo: e nas neblinas,
então celestes legiÔes
soltam mĂsticas cançÔes,
sobre violas divinas.Erguem-se, enfim, os pastores
e vão caminhos dalém,
com palmas, rolas, e flores,
Ă tĂŁo Suave a Fuga deste Dia
Ă tĂŁo suave a fuga deste dia,
LĂdia, que nĂŁo parece, que vivemos.
Sem dĂșvida que os deuses
Nos são gratos esta hora,Em paga nobre desta fé que temos
Na exilada verdade dos seus corpos
Nos dĂŁo o alto prĂȘmio
De nos deixarem serConvivas lĂșcidos da sua calma,
Herdeiros um momento do seu jeito
De viver toda a vida
Dentro dum sĂł momento,Dum sĂł momento, LĂdia, em que afastados
Das terrenas angĂșstias recebemos
OlĂmpicas delĂcias
Dentro das nossas almas.E um sĂł momento nos sentimos deuses
Imortais pela calma que vestimos
E a altiva indiferença
Ăs coisas passageirasComo quem guarda a c’roa da vitĂłria
Estes fanados louros de um sĂł dia
Guardemos para termos,
No futuro enrugado,Perene Ă nossa vista a certa prova
De que um momento os deuses nos amaram
E nos deram uma hora
NĂŁo nossa, mas do Olimpo.