Como Ser Autónomo?
As pessoas vivem toda a sua vida a acreditar no que os outros dizem, dependentes dos outros. É por isso que têm tanto medo da opinião dos outros. Se eles pensam que você é mau, torna-se mau. Se o condenam, começa a condenar-se. Se dizem que é pecador, começa a sentir-se culpado. E, como depende da opinião deles, é obrigado a conformar-se constantemente com as suas opiniões; senão eles mudarão de opinião. Ora isso cria uma escravidão, uma escravidão muito subtil. Se quiser ser considerado bom, digno, belo, inteligente, tem de fazer concessões, tem de se comprometer continuamente com as pessoas de quem depende.
E levanta-se um outro problema. Como há muitas pessoas, elas estão sempre a alimentar a sua mente com diferentes tipos de opiniões — opiniões conflituosas, ainda por cima. Uma opinião a contradizer outra opinião — daí que exista uma grande confusão dentro de si. Uma pessoa diz que você é muito inteligente, outra pessoa diz-lhe que é estúpido. Como decidir? Então fica dividido. Fica com dúvidas sobre si próprio, sobre quem é… uma ondulação. E a complexidade é muito grande, porque há milhares de pessoas à sua volta.
Você está em contacto com muitas pessoas e cada uma delas mete a sua ideia na sua mente.
Passagens de Rajneesh
101 resultadosRespeite-se
“Respeito” é uma das palavras mais bonitas que conheço. Não tem o sentido de “honra, dignidade” que adquiriu entretanto. Respeito significa, simplesmente, re-speitar, isto é, olhar para trás, tomar em consideração. Significa tão-somente olhar de novo. Antes de se tornar parte de uma sociedade, de uma cultura, de uma civilização, conhecia o seu verdadeiro eu. Não é por acaso que continua a pensar na sua infância como o período mais bonito da sua vida. É uma memória há muito esquecida, porque numa determinada altura da sua vida, nos seus primórdios, possuiu o seu verdadeiro eu.
Se re-speitar, isto é, se olhar para trás e penetrar fundo na sua existência, encontrará o lugar onde começou a perder-se de si próprio e onde o ego, o falso eu, começou a formar-se. Esse momento é um momento de iluminação.
Toda a gente é vendedor ambulante. E se você dá ouvidos a muitos vendedores, fica doido. Não oiça ninguém, feche simplesmente os olhos e escute a sua voz interior.
Pedir mais é simplesmente feio. Devem sentir-se gratos pelo que já receberam. E o mais belo dos fenómenos é que quando nos sentimos agradecidos, a existência começa a oferecer-nos mais e mais coisas. Torna-se um círculo: quanto mais recebemos, maior é a gratidão que sentimos e, quanto maior é a nossa gratidão, mais recebemos… É um processo sem fim, infinito.
Porque é que não consegue relaxar? Porque é que não consegue entrar numa de «quero-lá-saber»? Porque andou a reprimir demasiadas coisas. Tem medo de que, se relaxar, elas venham ao de cima.
Regressar à Inocência
Seja como as crianças, mantenha os olhos abertos, sem preconceitos escondidos atrás da vista. Se olhar com clareza, pequenas flores, ou pedaços de relva, ou borboletas, ou um pôr do Sol proporcionar-lhe-ão tanta felicidade quanto a que Gautama Buda encontrou na sua iluminação. Isto não depende das coisas, mas sim da sua abertura. O conhecimento fecha-o; transforma-se numa cerca, numa prisão. Mas a inocência abre todas as portas e todas as janelas.
O sol entra e uma brisa fresca flui.
De repente, o perfume das flores faz-lhe uma visita.
E de vez em quando um pássaro virá cantar uma canção e entrar por outra janela.
A inocência é a única religiosidade que existe.
A religiosidade não depende das escrituras sagradas nem do que se sabe sobre o mundo. Só depende de se estar preparado para ser como um espelho límpido, que nada reflecte.
Um total silêncio, inocência, pureza… e toda a existência é transformada para si. Cada momento passa a ser de êxtase. As pequenas coisas, como beber uma chávena de chá, tornam-se orações tão poderosas que nenhuma outra oração se lhes pode comparar. Basta observar uma nuvem a mover-se livremente no céu, e da inocência surge uma sincronicidade.
Uma vida não-vivida dá poder à morte. Uma vida vivida em sua plenitude tira todo o poder da morte. A morte deixa de existir.
O amor traz a liberdade. A lealdade traz a escravidão. Na aparência são iguais; no seu âmago, são exactamente o oposto.
Ouvir a Voz Interior
Não preste atenção ao que os outros dizem, ao que eles lhe dizem para ser. Escute sempre a sua voz interior, aquilo que gostaria de ser; de outro modo desperdiçará toda a sua vida. A sua mãe quer que seja engenheiro, o seu pai quer que seja médico e você quer ser poeta. Que fazer? É evidente que a mãe tem razão, porque ser engenheiro é mais interessante do ponto de vista económico e financeiro. O pai também tem razão; ser médico é uma boa mercadoria, tem um valor de mercado. Um poeta? Enlouqueceste? És doido? Os poetas são uma raça maldita. Ninguém os quer. Não há necessidade nenhuma deles; o mundo pode existir sem poesia — não haverá qualquer problema lá por não haver poesia. O mundo não pode existir sem engenheiros; o mundo precisa de engenheiros. Quando se é necessário, tem-se um valor. Quando não se é necessário, não se tem qualquer valor.
Mas se você quiser ser poeta, seja poeta. Poderá ser um pedinte – óptimo. Poderá não vir a ser muito rico, mas não se preocupe – porque de outro modo poderá vir a ser um grande engenheiro e poderá ganhar muito dinheiro, mas nunca se sentirá realizado.
Aposte todas as suas fichas. Seja um apostador!
Quando a emoção transparece nas palavras que proferimos, a ênfase surge espontaneamente. Se as nossas mãos tiverem de expressar alguma coisa, elas próprias se encarregarão de o fazer sem a nossa intervenção. Se algo tiver de assomar aos nossos olhos, assomará. Não somos nós que temos de o trazer ao nosso olhar. Se assim for, será tudo uma hipocrisia.
Se não tiver a capacidade de dizer não, o seu sim não significa nada.
Só um homem de meditação pode permitir que a intimidade aconteça. Ele não tem nada a esconder. Ele próprio deixou cair tudo aquilo que o fazia ter medo de que alguém descobrisse. Ficou apenas com o silêncio e um coração afectuoso.
O que se pode dizer sobre o amor? Tudo o que se disser estará sempre errado. Na verdade, quando uma pessoa está apaixonada, nem sequer diz «Amo-te», por parecer ínfimo quando comparado com a grandeza daquilo que está a sentir. Na minha opinião, as pessoas só dizem «Amo-te» quando o amor desaparece.
As mentiras são muito amáveis, mas fictícias, deliciosas. Continue a dizer coisas amáveis ao seu amante e ele continuará a murmurar-lhe ao ouvido coisas amáveis, mas ocas.
Já Está na Altura de Perder as Ilusões
As ilusões das pessoas vão mudando. Quando são jovens, têm a ilusão do amor; pensam que o amor talvez consiga abrir as portas de todos os mistérios. O amor abre realmente as portas, não as dos mistérios, mas as das misérias. Há outros indivíduos a quem só interessa ganhar dinheiro. Quando perguntaram a Henry Ford: «Ganhou mais dinheiro do que qualquer outra pessoa no mundo. Agora que chegou ao topo, como se sente?», ele respondeu: «Completamente frustrado, porque no topo não existe nada. O que aprendi ao longo de toda a minha vida foi a subir escadas. Fui subindo, na esperança de que no degrau seguinte pudesse estar a realização, mas a realização nunca se alcança.»
Quando as pessoas perdem as suas esperanças, ilusões e sonhos mundanos, então mudam e começam a ter esperança no crescimento espiritual, em Deus e no paraíso. Estas são as mesmas pessoas e as mesmas mentes que não aprenderam absolutamente nada.
A não ser que não possua quaisquer tipo de ilusões – o que significa que já não pensa no amanhã não conhecerá a verdade pura da existência, que apenas existe nesse momento. Não se encontrará em sintonia com o mesmo, e, portanto,
Uma pessoa que se encontra confinada aos limites da mente, do coração e do corpo está presa, metida entre quatro paredes.
Para serem infelizes, têm de estar de cabeça virada para baixo, têm de ser o mais antinaturais possível, têm de nadar contra a corrente. Para serem extáticos e alcançarem a beatitude, apenas têm de se deixar deslizar ao sabor da corrente. Deixarem-se ir, sem oferecer resistência, e permitir à natureza ser o que é.
Quais são as suas perturbações? Se for bem fundo, não achará nada a não ser o som dos seus passos.
O fenómeno mais estranho é que o amor pressupõe confiança, mas não é de fiar. Naquele momento é total, mas o momento seguinte fica em aberto. Poderá crescer dentro de si, mas poderá igualmente evaporar-se de si.