Monja
Ă“ Lua, Lua triste, amargurada,
Fantasma de brancuras vaporosas,
A tua nĂvea luz ciliciada
Faz murchecer e congelar as rosas.Nas flĂłridas searas ondulosas,
Cuja folhagem brilha fosforeada,
Passam sombras angélicas, nivosas,
Lua, Monja da cela constelada.Filtros dormentes dĂŁo aos lagos quietos,
Ao mar, ao campo, os sonhos mais secretos,
Que vĂŁo pelo ar, noctâmbulos, pairando…EntĂŁo, Ăł Monja branca dos espaços,
Parece que abres para mim os braços,
Fria, de joelhos, trĂŞmula, rezando…
Passagens sobre Rosas
446 resultadosEleve os Seus Padrões
Sempre que queira realmente fazer uma mudança, a primeira coisa que deve fazer é elevar os seus padrões. Quando as pessoas me perguntam o que realmente mudou a minha vida há oito anos, eu digo-lhes que a coisa mais importante foi mudar o que exigia de mim mesmo. Tomei nota de todas as coisas que já não queria aceitar na minha vida, de todas as coisas que eu já não toleraria, e de todas as coisas que eu aspirava a ser.
Pense nas consequĂŞncias de longo alcance postas em movimento por homens e mulheres que elevaram os seus padrões e agiram de acordo com eles, decidindo que nĂŁo tolerariam menos. A histĂłria narra os exemplos inspiradores de pessoas como Leonardo da Vinci, Abraham Lincoln, Helen Keller, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Jr., Rosa Parks, Albert Einstein, CĂ©sar Chávez, Soichiro Honda, e muitos outros que deram o passo magnificamente poderoso de elevar os seus padrões. O mesmo poder que estava ao dispor deles está ao seu dispor, se tiver a coragem de o reivindicar. Mudar uma organização, uma empresa, um paĂs – ou um mundo – começa com o simples passo de vocĂŞ prĂłprio mudar.
Sonho
Perdoa, Amor, se nĂŁo quero
Aceitar novo grilhĂŁo;
Quando quebraste o primeiro,
Quebraste-me o coração.Olha, Amor, tem dó de mim!
Repara nos teus estragos,
E desvia por piedade
Teus sedutores afagos!Tu de dia nĂŁo me assustas;
Os meus sentidos atentos
Opõem aos teus artifĂcios
Mil pesares, mil tormentos.Mas, cruel, porque me assaltas,
De mil sonhos rodeado?
Porque acometes no sono
Meu coração descuidado?…Eu, quando acaso adormeço,
Adormeço de cansada,
E o crepĂşsculo do dia
Me acorda sobressaltada.Arguo entĂŁo a minha alma,
Repreendo a natureza
De ter cedido ao descanso
Tempo que devo Ă tristeza.Que te importa um ser tĂŁo triste?…
Cobre de jasmins e rosas
Outras amantes felizes!
Deixa gemer as saudosas!
Lugares da Infância
Lugares da infância onde
sem palavras e sem memĂłria
alguém, talvez eu, brincou
já lá não estão nem lá estou.Onde? Diante
de que mistério
em que, como num espelho hesitante,
o meu rosto, outro rosto, se reflecte?Venderam a casa, as flores
do jardim, se lhes toco, põem-se hirtas
e geladas, e sob os meus passos
desfazem-se imateriais as rosas e as recordações.O quarto eu não o via
porque era ele os meus olhos;
e eu nĂŁo o sabia
e essa era a sabedoria.Agora sei estas coisas
de um modo que nĂŁo me pertence,
como se as tivesse roubado.A casa já não cresce
Ă volta da sala,
puseram a mesa para quatro
e o coração só para três.Falta alguém, não sei quem,
foi cortar o cabelo e sĂł voltou
oito dias depois,
já o jantar tinha arrefecido.E fico de novo sozinho,
na cama vazia, no quarto vazio.
Lá fora é de noite, ladram os cães;
e eu cubro a cabeça com os lençóis.
Os homens cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim e nĂŁo encontram o que procuram. E, no entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa sĂł rosa.
Tomava Daliana Por Vingança
Tomava Daliana por vingança
da culpa do pastor que tanto amava,
casar com Gil vaqueiro; e em si vingava
o erro alheio e pérfida esquivança.A discrição segura, a confiança,
as rosas que seu rosto debuxava,
o descontentamento lhas secava,
que tudo muda üa áspera mudança.Gentil planta disposta em seca terra,
lindo fruito de dura mĂŁo colhido,
lembranças d’outro amor, e fĂ© perjura,tornaram verde prado em dura serra;
interesse enganoso, amor fingido,
fizeram desditosa a fermosura.
Noite De Chuva
Chuva…Que gotas grossas!…Vem ouvir:
Uma …duas…mais outra que desceu…
É Viviana, é Melusina, a rir,
SĂŁo rosas brancas dum rosal do CĂ©u…Os lilases deixaram-se dormir…
Nem um frĂ©mito…a terra emudeceu…
Amor! Vem ver estrelas a cair:
Uma…duas…mais outra que desceu…Fala baixo, juntinho ao meu ouvido,
Que essa fala de amor seja um gemido,
Um murmĂşrio, um soluço, um ai desfeito…Ah! deixa Ă noite o seu encanto triste!
E a mim…o teu amor que mal existe,
Chuva a cair na noite do meu peito!
Este Ă© o PrĂłlogo
Deixaria neste livro
toda minha alma.
Este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.Que compaixĂŁo dos livros
que nos enchem as mĂŁos
de rosas e de estrelas
e lentamente passam!Que tristeza tĂŁo funda
é mirar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta!Ver passar os espectros
de vidas que se apagam,
ver o homem despido
em Pégaso sem asas.Ver a vida e a morte,
a sĂntese do mundo,
que em espaços profundos
se miram e se abraçam.Um livro de poemas
Ă© o outono morto:
os versos sĂŁo as folhas
negras em terras brancas,e a voz que os lĂŞ
Ă© o sopro do vento
que lhes mete nos peitos
— entranháveis distâncias. —O poeta é uma árvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchadas
de chorar o que ama.O poeta é o médium
da Natureza-mĂŁe
que explica sua grandeza
por meio das palavras.
A Curva dos Teus Olhos
A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocĂŞncia
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.Tradução de António Ramos Rosa
Foi o tempo de dedicaste a tua rosa que a tornou Ăşnica para vocĂŞ.
A Tua Alma de Ouro
Meu querido rapaz,
O teu soneto é deveras bonito, e é uma maravilha que esses teus lábios da cor de rosas encarnadas tenham sido feitos tanto para a loucura da música e das canções como para a loucura do beijar. A tua alma de ouro caminha entre a paixão e a poesia. Eu sei que Hyacinthus, que Apollo amou tão perdidamente, eras tu nos tempos Gregos. Porque estás sozinho em Londres, e quando irás para Salisbury? Vai até lá para refrescar as tuas mãos no crepúsculo cinzento das coisas góticas, e vem aqui sempre que quiseres. É um lugar adorável, e falta-lhe apenas a tua pessoa; mais vai primeiro a Salisbury.
Sempre teu, com amor eterno,
Oscar
VĂŞnus II
Singra o navio. Sob a água clara
VĂŞ-se o fundo do mar, de areia fina…
– Impecável figura peregrina,
A distância sem fim que nos separa!Seixinhos da mais alva porcelana,
Conchinhas tenuemente cor de rosa,
Na fria transparĂŞncia luminosa
Repousam, fundos, sob a água plana.E a vista sonda, reconstrui, compara,
Tantos naufrágios, perdições, destroços!
– Ă“ fĂşlgida visĂŁo, linda mentira!RĂłseas unhinhas que a marĂ© partira…
Dentinhos que o vaivĂ©m desengastara…
Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos…
Retrato das Mulheres em Todas as Idades
Mulher, de quinze a vinte Ă© fresca rosa;
De vinte, a vinte e cinco Ă© de exp’rimenta.
De vinte cinco a trinta, a graça aumenta:
Ditoso nesta idade quem a goza!De trinta a trinta e cinco Ă© mal gostosa
Porém, pode passar, com sal, pimenta,
Mas já dos trinta e cinco aos quarenta
Vai-se tornando assaz fastidiosa.De quarenta e cinco ela Ă© bachareleira,
Fala fanhoso e é já de pouco gabo.
De cinquenta cerrados Ă© santeira!Aos sessenta este seu retrato acabo:
Menina, moça, velha benzedeira,
Bruxa gogosa, entĂŁo, leve-a o diabo!
Prince Charmant
A Raul Proença
No lânguido esmaecer das amorosas
Tardes que morrem voluptuosamente
Procurei-O no meio de toda a gente.
Procurei-O em horas silenciosas!Ă“ noites da minh’alma tenebrosas!
Boca sangrando beijos, flor que sente…
Olhos postos num sonho, humildemente…
MĂŁos cheias de violetas e de rosas…E nunca O encontrei!…Prince Charmant…
Como audaz cavaleiro em velhas lendas
Virá, talvez, nas névoas da manhã!Em toda a nossa vida anda a quimera
Tecendo em frágeis dedos frágeis rendas…
— Nunca se encontra Aquele que se espera!…
A vida Ă© um campo de urtigas onde a Ăşnica rosa Ă© o amor.
PrincĂpio de Amores com MarĂlia
Um rácimo ferral engrinaldado
Com rosas carmesins no seu regaço,
Tinha MarĂlia um dia, e o pĂ©, c’um laço,
De fita verde mar lhe tinha atado.Eu, de seus magos olhos já tocado,
Junto dela cheguei com leve passo,
E furtando-lhe o cacho, dele faço
NĂ©ctar que a Jove, igual, nunca foi dadoEm taça de cristal, co’as mesmas rosas,
E do mesmo listĂŁo toda enfeitada,
O licor lhe fui pĂ´r nas mĂŁos mimosas.MarĂlia se sorriu, bebeu, corada,
O sagrado elixir e as deleitosas
PrimĂcias deu d’Amor, por Baco instada.
Fui Pedir um Sonho ao Jardim dos Mortos
Fui pedir um sonho ao jardim dos mortos.
Quis pedi-lo, aos vivos. Disseram-me que nĂŁo.
Os mortos não sabem, lá onde é que estão,
Que neles se enfeitam os meus braços tortos.Os mortos dormiam… Passei-lhes ao lado.
Arranquei-lhes tudo, tudo quanto pude;
Páginas intactas — um livro fechado
Em cada ataĂşde.Ai as pedras raras! As pedras preciosas!
Relâmpagos verdes por baixo do mar!
A sombra, o perfume dos cravos, das rosas
Que os dedos, já hirtos, teimavam guardar!Minha alma é um cadáver pálido, desfeito.
As suas ossadas
Quem sabe onde estĂŁo?
Trago as mĂŁos cruzadas,
Pesam-me no peito.
Quem sabe se a lama onde hoje me deito
Dará flor aos vivos que dizem que não?
A Alvorada do Amor
Um horror grande e mudo, um silĂŞncio profundo
No dia do Pecado amortalhava o mundo.
E Adão, vendo fechar-se a porta do Éden, vendo
Que Eva olhava o deserto e hesitava tremendo,
Disse:“Chega-te a mim! entra no meu amor,
E Ă minha carne entrega a tua carne em flor!
Preme contra o meu peito o teu seio agitado,
E aprende a amar o Amor, renovando o pecado!
Abençôo o teu crime, acolho o teu desgosto,
Bebo-te, de uma em uma, as lágrimas do rosto!Vê! tudo nos repele! a toda a criação
Sacode o mesmo horror e a mesma indignação…
A cólera de Deus torce as árvores, cresta
Como um tufĂŁo de fogo o seio da floresta,
Abre a terra em vulcões, encrespa a água dos rios;
As estrelas estĂŁo cheias de calefrios;
Ruge soturno o mar; turva-se hediondo o cĂ©u…Vamos! que importa Deus? Desata, como um vĂ©u,
Sobre a tua nudez a cabeleira! Vamos!
Arda em chamas o chĂŁo; rasguem-te a pele os ramos;
Morda-te o corpo o sol; injuriem-te os ninhos;
Surjam feras a uivar de todos os caminhos;
As Tuas MĂŁos Terminam Em Segredo
As tuas mĂŁos terminam em segredo.
Os teus olhos sĂŁo negros e macios
Cristo na cruz os teus seios (?) esguios
E o teu perfil princesas no degredo…Entre buxos e ao pĂ© de bancos frios
Nas entrevistas alamedas, quedo
O vendo põe o seu arrastado medo
Saudoso o longes velas de navios.Mas quando o mar subir na praia e for
Arrasar os castelos que na areia
As crianças deixaram, meu amor,Será o haver cais num mar distante…
Pobre do rei pai das princesas feias
No seu castelo Ă rosa do Levante !
Risadas
Ă€s criaturas alegres
Fantasia, Ăł fantasia, tropo ardente
Da aurora alegre undiflavando as bandas
Do adamascado e rĂşbido oriente,
Ó fantasia, águia das asas pandas.Tu que os clarins do sonho mais fulgente
Das Julietas, feres, nas varandas,
Ă“ fantasia dos Romeus, Ăł crente,
Por que paĂses meridionais tu andas?!Vem das esferas, entre os sons que vibras.
Vem, que desejo emocionar as fibras,
Quero sentir como este sangue impulsas.Noiva do sol que os sĂłis preclaros gozas
Para rimar umas canções de rosas,
Como risadas de cristal, avulsas…