Sonetos sobre Busca de Cláudio Manuel da Costa

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Sonetos de busca de Cláudio Manuel da Costa. Leia este e outros sonetos de Cláudio Manuel da Costa em Poetris.

XLI

Injusto Amor, se de teu jugo isento
Eu vira respirar a liberdade,
Se eu pudesse da tua divindade
Cantar um dia alegre o vencimento;

NĂŁo lograras, Amor, que o meu tormento,
VĂ­tima ardesse a tanta crueldade;
Nem se cobrira o campo da vaidade
Desses troféus, que paga o rendimento:

Mas se fugir nĂŁo pude ao golpe ativo,
Buscando por meu gosto tanto estrago,
Por que te encontro, Amor, tĂŁo vingativo?

Se um tal despojo a teus altares trago,
Siga a quem te despreza, o raio esquivo;
Alente a quem te busca, o doce afago.

XII

Fatigado da calma se acolhia
Junto o rebanho Ă  sombra dos salgueiros;
E o sol, queimando os ásperos oiteiros,
Com violĂŞncia maior no campo ardia.

Sufocava se o vento, que gemia
Entre o verde matiz dos sovereiros;
E tanto ao gado, como aos pegureiros
Desmaiava o calor do intenso dia.

Nesta ardente estação, de fino amante
Dando mostras Daliso, atravessava
O campo todo em busca de Violante.

Seu descuido em seu fogo desculpava;
Que mal feria o sol tĂŁo penetrante,
Onde maior incĂŞndio a alma abrasava.