Longus
Ă de manhĂŁ, no outono. Ă luz, o orvalho
doira os mirtais de trĂȘmulas capelas.
e, sobre o solo, recobrindo o atalho,
hĂĄ milhares de folhas amarelas…A Filetas, ao pĂ© de amplo carvalho,
ouvem as narraçÔes e pastorelas,
um rapaz, aindaingĂȘnuo e sem trabalho,
e a mais linda de todas as donzelas…Ă a narrativa do florir dos prados,
que o mais doce dos velhos barbilongos
conta ao casal de jovens namorados…SilĂȘncio… Ouvi-lhe o beijo dos ditongos,
os silĂĄbicos sons, que musicados,
cantam na amĂĄvel pastoral de Longus…
Sonetos sobre Milhares
3 resultadosMarĂlia De Dirceu
Soneto 3
Enganei-me, enganei-me – paciĂȘncia!
Acreditei Ă s vezes, cri, Ormia,
Que a tua singeleza igualaria
A tua mais que angĂ©lica aparĂȘncia.Enganei-me, enganei-me – paciĂȘncia!
Ao menos conheci que nĂŁo devia
PĂŽr nas mĂŁos de uma externa galhardia
O prazer, o sossego e a inocĂȘncia.Enganei-me, cruel, com teu semblante,
E nada me admiro de faltares,
Que esse teu sexo nunca foi constante.Mas tu perdeste mais em me enganares:
Que tu nĂŁo acharĂĄs um firme amante,
E eu posso de traidoras ter milhares.
Amei Demais
Madruguei demais. Fumei demais. Foram demais
todas as coisas que na vida eu emprenhei.
Vejo-as agora grĂĄvidas. Redondas. Coisas tais,
como as tais coisas nas quais nunca pensei.Demais foram as sombras. Mais e mais.
Cada vez mais ardentes as sombras que tirei
do imenso mar de sol, sem praia ou cais,
de onde parti sem saber por que embarquei.Amei demais. Sempre demais. E o que dei
estĂĄ espalhado pelos sĂtios onde vais
e pelos anos longos, longos, que passeià procura de ti. De mim. De ninguém mais.
E os milhares de versos que rasguei
antes de ti, eram perfeitos. Mas banais.