OpiniÔes Influenciadas pelo Interesse
A maior parte das coisas pode ser considerada sob pontos de vista muito diferentes: interesse geral ou interesse particular, principalmente. A nossa atenção, naturalmente concentrada sob o aspecto que nos Ă© proveitoso, impede que vejamos os outros. O interesse possui, como a paixĂŁo, o poder de transformar em verdade aquilo em que lhe Ă© Ăștil acreditar. Ele Ă©, pois, freqĂŒentemente, mais Ăștil do que a razĂŁo, mesmo em questĂ”es em que esta deveria ser, aparentemente, o guia Ășnico. Em economia polĂtica, por exemplo, as convicçÔes sĂŁo de tal modo inspiradas pelo interesse pessoal que se pode, em geral, saber prĂ©viamente, conforme a profissĂŁo de um indivĂduo, se ele Ă© partidĂĄrio ou nĂŁo do livre cĂąmbio.
As variaçÔes de opiniĂŁo obedecem, naturalmente, Ă s variaçÔes do interesse. Em matĂ©ria polĂtica, o interesse pessoal constitui o principal factor. Um indivĂduo que, em certo momento, energicamente combateu o imposto sobre a renda, com a mesma energia o defenderĂĄ mais, se conta ser ministro. Os socialistas enriquecidos acabam, em geral, conservadores, e os descontentes de um partido qualquer se transformam facilmente em socialistas.
O interesse, sob todas as suas formas, não é somente gerador de opiniÔes. Aguçado por necessidades muito intensas, ele enfraquece logo a moralidade.
Textos sobre Aspeto de Gustave Le Bon
2 resultadosPrazer e Dor SĂŁo as Ănicas Certezas da Vida
Os filĂłsofos tĂȘm tentado abalar todas as nossas certezas e mostrar que do mundo conhecemos apenas aparĂȘncias. Possuiremos sempre, porĂ©m, duas grandes certezas, que nada poderia destruir: o prazer e a dor. Toda a nossa actividade deriva delas. As recompensas sociais, os paraĂsos e os infernos criados pelos cĂłdigos religiosos ou civis baseiam-se na acção dessas certezas, cuja evidente realidade nĂŁo pode ser contestada.
Desde que a vida se manifesta, surgem o prazer e a dor. NĂŁo Ă© o pensamento, mas a sensibilidade, que nos revela o nosso âeuâ. Se dissesse: âSinto, logo existoâ ao invĂ©s de: âPenso, logo existoâ, Descartes estaria muito perto da verdade. Assim modificada, a sua fĂłrmula aplica-se a todos os seres e nĂŁo a uma fração apenas da humanidade. Dessas duas certezas poder-se-ia deduzir a completa filosofia prĂĄtica da vida. Fornecem uma resposta segura Ă eterna pergunta tĂŁo repetida desde o Eclesiastes: por que tanto trabalho e tantos esforços, jĂĄ que a morte nos espera e o nosso planeta se extingarĂĄ um dia?
PorquĂȘ? Porque o presente ignora o futuro e no presente a Natureza condena-nos a procurar o prazer e a evitar a dor.
O operĂĄrio, curvado sob o peso do trabalho,