A Felicidade de uma RazĂŁo Perfeita

Creio que estaremos de acordo em que Ă© para proveito do corpo que procuramos os bens exteriores; em que apenas cuidamos do corpo para benefĂ­cio da alma, e em que na alma hĂĄ uma parte meramente auxiliar – a que nos assegura a locomoção e a alimentação – da qual dispomos tĂŁo somente para serviço do elemento essencial. No elemento essencial da alma hĂĄ uma parte irracional e outra racional; a primeira estĂĄ ao serviço da segunda; esta nĂŁo tem qualquer ponto de referĂȘncia alĂ©m de si prĂłpria, pelo contrĂĄrio, serve ela de ponto de referĂȘncia a tudo. TambĂ©m a razĂŁo divina governa tudo quanto existe sem a nada estar sujeita; o mesmo se passa com a nossa razĂŁo, que, aliĂĄs, provĂ©m daquela.
Se estamos de acordo nesse ponto, estaremos necessariamente tambĂ©m de acordo em que a nossa felicidade depende exclusivamente de termos em nĂłs uma razĂŁo perfeita, pois apenas esta impede em nĂłs o abatimento e resiste Ă  fortuna; seja qual for a sua situação, ela manter-se-ĂĄ imperturbĂĄvel. O Ășnico bem autĂȘntico Ă© aquele que nunca se deteriora.
O homem feliz, insisto, é aquele que nenhuma circunstùncia inferioriza; que permanece no cume sem outro apoio além de si mesmo,

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