Quando um homem é capaz de guiar o automóvel em perfeita segurança enquanto beija uma mulher bonita, simplesmente deixa de dar ao beijo a atenção que merece.
Passagens sobre Segurança
148 resultadosA Ăšnica Coisa Duradoura Que Podes Criar
A mamĂŁ costumava dizer-lhe que tinha muita pena. As pessoas tinham andado a trabalhar durante tantos anos para fazer do mundo um sĂtio organizado e seguro. NinguĂ©m percebera como ele se iria tornar aborrecido. Com todo o mundo dividido em propriedades, com os limites de velocidade e as divisões por zonas, com tudo regulado e tributado, com todas as pessoas analisadas e recenseadas e rotuladas e registadas. NinguĂ©m tinha deixado muito espaço para a aventura, exceptuando, talvez, a do gĂ©nero que se pode comprar. Numa montanha-russa. Num cinema. No entanto, isso seria sempre uma excitação falsa. Sabes que os dinossauros nĂŁo vĂŁo comer os mĂudos. Os referendos recusaram com os seus votos qualquer hipĂłtese de um desastre falso ainda maior. E porque nĂŁo existe a possibilidade de um desastre verdadeiro, ficamos sem nenhuma hipĂłtese de termos uma salvação verdadeira. Entusiasmo verdadeiro. Excitação a sĂ©rio. Alegria. Descoberta. Invenção.
As leis que nos dão segurança, estas mesmas leis condenam-nos ao aborrecimento. Sem acesso ao verdadeiro caos, nunca teremos paz verdadeira.A não ser que tudo possa ficar pior, nunca poderá ficar melhor.
Isto eram tudo coisas que a mamĂŁ lhe costumava dizer.
E dizia-lhe mais:
–
A desconfiança é a sentinela da segurança.
LV
Em profundo silêncio já descansa
Todo o mortal; e a minha triste idéia
Se estende, se dilata, se recreia
Pelo espaçoso campo da lembrança.Fatiga-se, prossegue, em vão se cansa;
E neste vário giro, em que se enleia,
Ao duvidoso passo já receia,
Que lhe possa faltar a segurança.Que diferente tudo está notando!
Que perplexo as imagens do perdido
Num e noutro despojo vem achando!Este nĂŁo Ă© o templo (eu o duvido)
Assim o afirma, assim o está mostrando:
Ou morreu Nise, ou este nĂŁo Ă© Fido.
Na patinagem sobre o gelo, a segurança está na velocidade.
Arrisque-se! Toda vida Ă© um risco. O homem que vai mais longe Ă© geralmente aquele que está disposto a fazer e a ousar. O barco da ‘segurança’ nunca vai muito alĂ©m da margem.
Sinto certa tranquilidade. NĂŁo existe segurança no meio do perigo. Como seria a vida se nĂłs nĂŁo tivĂ©ssemos coragem de tentar coisa alguma? Será uma difĂcil partida para mim; A marĂ© sobe alto, quase atĂ© os lábios e talvez ainda mais alto, como posso saber? Mas eu devo lutar minha batalha, vender caro a minha vida, e tentar ganhar e tirar o melhor dela.
Nossa segurança está em risco quando a parede de nosso vizinho está em chamas.
A Inutilidade dos Sindicatos
A sindicação, saĂda da liberdade como o monopĂłlio espontâneo, Ă© igualmente inimiga dela, e sobretudo das vantagens dela; Ă©-o com menos brutalidade e evidĂŞncia e, por isso mesmo, com mais segurança. Um sindicato ou associação de classe — comercial, industrial, ou de outra qualquer espĂ©cie — nasce aparentemente de uma congregação livre dos indivĂduos que compõem essa classe; como, porĂ©m, quem nĂŁo entrar para esse sindicato fica sujeito a desvantagens de diversa ordem, a sindicação Ă© realmente obrigatĂłria. Uma vez constituĂdo o sindicato, passam a dominar nele — parte mĂnima que se substitui ao todo — nĂŁo os profissionais (comerciantes, industriais, ou o que quer que sejam), mais hábeis e representativos, mas os indivĂduos simplesmente mais aptos e competentes para a vida sindical, isto Ă©, para a polĂtica eleitoral dessas agremiações. Todo o sindicato Ă©, social e profissionalmente, um mito.
Mais incisivamente ainda: nenhuma associação de classe Ă© uma associação de classe. No caso especial da sindicação na indĂşstria e no comĂ©rcio, o resultado Ă© desaparecerem todas as vantagens da concorrĂŞncia livre, sem se adquirir qualquer espĂ©cie de coordenação Ăştil ou benĂ©fica. O caráter natural do regĂmen livre atenua-se, porque surge em meio dele este elemento estranho e essencialmente oposto Ă liberdade.
Ousadia. Uma das qualidades mais notáveis de um homem em segurança.
Os sentimentos elevados vencem sempre no final; os lĂderes que oferecem sangue, trabalho, lágrimas e suor conseguem sempre mais dos seus seguidores do que aqueles que oferecem segurança e diversĂŁo. Quando se chega a vias de facto, os seres humanos sĂŁo herĂłicos.
VolĂşvel do Homem Foi Sempre a Vontade
Sobre as asas do Tempo, que nĂŁo cansa,
Nossos gostos se vão, nossas paixões
Os projectos, sistemas e opiniões
Cos tempos que se mudam tem mudança.Não pode haver no mundo segurança
Entre o vário montão de inclinações,
Pois sujeita a Vontade a mil baldões
No variável moto não descansa.Nas nossas quatro épocas da idade
Temos mudanças mil: nossa fraqueza
Sujeita está, do Tempo, à variedade.Na inconstância jamais houve firmeza:
VolĂşvel do homem foi sempre a vontade,
Por defeito comum da Natureza.
Ser Feliz
Ser feliz Ă© reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões e perĂodos de crise. Ser feliz nĂŁo Ă© uma fatalidade do destino, mas uma conquista de quem sabe viajar para dentro do seu prĂłprio ser.
Ser feliz Ă© deixar de ser vĂtima dos problemas e tornar-se autor da sua prĂłpria histĂłria. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recĂ´ndito da sua alma. É agradecer a Deus em cada manhĂŁ pelo milagre da vida.
Ser feliz Ă© nĂŁo ter medo dos prĂłprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. E ter a coragem de ouvir um «nĂŁo». É ter segurança para receber uma crĂtica, mesmo que injusta. É beijar os filhos, ter prazer com os pais e ter momentos poĂ©ticos com os amigos, mesmo que eles nos magoem.
Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para dizer «eu errei». É ter ousadia para dizer «perdoa-me». É ter sensibilidade para expressar «eu preciso de ti». E ter capacidade de dizer «eu amo-te».
Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades que lhe permita ser feliz…
Eu sou feita de tĂŁo pouca coisa e meu equilĂbrio Ă© tĂŁo frágil, que eu preciso de um excesso de segurança para me sentir mais ou menos segura.
Os Arlequins – Sátira
Musa, depõe a lira!
Cantos de amor, cantos de glĂłria esquece!
Novo assunto aparece
Que o gênio move e a indignação inspira.
Esta esfera Ă© mais vasta,
E vence a letra nova a letra antiga!
Musa, toma a vergasta,
E os arlequins fustiga!Como aos olhos de Roma,
— Cadáver do que foi, pávido império
De Caio e de Tibério, —
O filho de Agripina ousado assoma;
E a lira sobraçando,
Ante o povo idiota e amedrontado,
Pedia, ameaçando,
O aplauso acostumado;E o povo que beijava
Outrora ao deus CalĂgula o vestido,
De novo submetido
Ao régio saltimbanco o aplauso dava.
E tu, tu nĂŁo te abrias,
Ó céu de Roma, à cena degradante!
E tu, tu nĂŁo caĂas,
Ă“ raio chamejante!Tal na histĂłria que passa
Neste de luzes século famoso,
O engenho portentoso
Sabe iludir a néscia populaça;
NĂŁo busca o mal tecido
Canto de outrora; a moderna insolĂŞncia
NĂŁo encanta o ouvido,
Fascina a consciĂŞncia!Vede; o aspecto vistoso,
O olhar seguro,
Os outros lugares, quanto mais altos, tanto menos segurança tĂŞm, e a sua mesma altura Ă© o prognĂłstico certo da sua ruĂna.
Guardo sempre uma distância de segurança em relação Ă polĂtica. A distância permite que possamos fazer coisas que sĂŁo polĂticas mas nĂŁo conjunturais. Interessa-me mais a polĂtica do ser humano.
Na guerra, a palavra de ordem ‘segurança antes de tudo’ leva directamente Ă derrota.
A Face Oculta dos Progressos TĂ©cnicos
Os progressos tĂ©cnicos, que toda a gente está confundindo cada vez mais com progresso humano, vĂŁo criar cada vez mais tambĂ©m um suplemento de Ăłcio que, excelente em si prĂłprio, porque nos aproxima exactamente daquele contemplar dos lĂrios e das aves que deve ser nosso ideal, vai criar, olhado Ă nossa escala, uma força de ataque e de triunfo; mais gente vai ter cada vez mais tempo para ouvir rádio e para ir ao cinema, para frequentar museus, para ler revistas ou para discutir polĂtica, e sem que preparo algum lhe possa ter sido dado para utilizar tais meios de cultura: a consequĂŞncia vai ser a de que a qualidade do que for fornecido vai descer cada vez mais e a de que tudo o que nĂŁo for compreendido será destruĂdo; raros novos beneditinos salvarĂŁo da pilhagem geral a sempre reduzida antologia que em tais coisas Ă© possĂvel salvar-se.
O choque mais violento vai dar-se exactamente, como era natural, nos paĂses em que existir uma liberdade maior; nos outros, as formas autoritárias de regime de certo modo poderĂŁo canalizar mais facilmente a Humanidade para a utilização desse Ăłcio; sucederá, porĂ©m, o seguinte: nos paĂses nĂŁo-livres, porque nenhum há livre,
É por Ti que Vivo
Amo o teu tĂşmido candor de astro
a tua pura integridade delicada
a tua permanente adolescĂŞncia de segredo
a tua fragilidade acesa sempre altivaPor ti eu sou a leve segurança
de um peito que pulsa e canta a sua chama
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de prataSe guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solarOfereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias
porque é por ti que vivo é por ti que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto