Citação de

Soneto XXVII

Enfim que me cortais o fio leve
Que me tecia em vão minha esperança,
Quanto me prometeu, quão pouco alcança,
De quĂŁo larga me foi quanto hoje Ă© breve,

C’um doce engano um tempo me deteve.
Guardou-me para agora esta mudança,
Mas não me mudará da segurança
Que meu amor a vossos olhos deve.

Mas ai fermosos olhos que tornastes
Descubrir-me esta noite essa lux vossa,
Qual Lua Ă  nau que lida em bravo pego.

Mas nĂŁo seja essa lux que me mostrastes
Só porque ver o meu naufrágio possa,
Que Ă© menor o pirigo a quem vai cego.