O Homem-Massa

Numa boa ordenação das coisas pĂșblicas, a massa Ă© o que nĂŁo actua por si mesma. Tal Ă© a sua missĂŁo. Veio ao mundo para ser dirigida, influĂ­da, representada, organizada – atĂ© para deixar de ser massa, ou, pelo menos, aspirar a isso. Mas nĂŁo veio ao mundo para fazer tudo isso por si. Necessita referir a sua vida Ă  instĂąncia superior, constituĂ­da pelas minorias excelentes. Discuta-se quanto se queira quem sĂŁo os homens excelentes; mas que sem eles – sejam uns ou outros – a humanidade nĂŁo existiria no que tem de mais essencial, Ă© coisa sobre a qual convĂ©m que nĂŁo haja dĂșvida alguma, embora leve a Europa todo um sĂ©culo a meter a cabeça debaixo da asa, ao modo dos estrĂșcios para ver se consegue nĂŁo ver tĂŁo radiante evidĂȘncia. Porque nĂŁo se trata de uma opiniĂŁo fundada em factos mais ou menos frequentes e provĂĄveis, mas numa lei da «fĂ­sica» social, muito mais incomovĂ­vel que as leis da fĂ­sica de Newton. No dia em que volte a imperar na Europa uma autĂȘntica filosofia – Ășnica coisa que pode salvĂĄ-la –, compreender-se-ĂĄ que o homem Ă©, tenha ou nĂŁo vontade disso, um ser constitutivamente forçado a procurar uma instĂąncia superior.

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