Textos sobre Cidade de Antoine de Saint-Exupéry

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Liberdade e Constrangimento SĂŁo Dois Aspectos da Mesma Necessidade

Liberdade e constrangimento sĂŁo dois aspectos da mesma necessidade, que Ă© ser aquele e nĂŁo um outro. Livre de ser aquele, nĂŁo livre de ser um outro. (…) NĂŁo hĂĄ quem o nĂŁo saiba. Os que reclamam a liberdade reclamam a moral interior, para que nem assim o homem deixe de ser governado. O gendarme – dizem eles de si para si – estĂĄ no interior. E os que solicitam a coacção afirmam-te que ela Ă© liberdade de espĂ­rito. Tu, na tua casa, tens a liberdade de atravessar as antecĂąmaras, de medir a passos largos as salas, uma por uma, de empurrar as portas, de subir ou descer as escadas. E a tua liberdade cresce Ă  medida que aumentam as paredes e as peias e os ferrolhos. E dispĂ”es de um nĂșmero tanto maior de actos possĂ­veis onde escolher aquele que hĂĄs-de praticar, quantas mais obrigaçÔes te impĂŽs a duração das tuas pedras. E, na sala comum, onde assentas arraiais no meio da desordem, deixas de dispor de liberdade, passa a haver dissolução.
E, afinal de contas, todos sonham com uma e a mesma cidade. Mas um reclama para o homem, tal como ele Ă©, o direito de agir.

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Perfeição Ă© Virtude e nĂŁo AusĂȘncia de Defeitos

A virtude Ă© a perfeição no estado de homem e nĂŁo a ausĂȘncia de defeitos. Se eu quero construir uma cidade, pego na malandragem e na ralĂ©. O poder hĂĄ-de nobilitĂĄ-las. Ofereço-lhes uma embriaguez, diferente da embriaguez medĂ­ocre da rapina, da usura ou da violação. É ver aqueles braços nodosos que edificam. O orgulho vai-se transformando em torres, templos e muralhas. A crueldade torna-se grandeza e rigor na disciplina. E ei-los a servirem uma cidade nascida deles prĂłprios. Trocaram-se por ela no fundo dos coraçÔes. E morrerĂŁo de pĂ©, nas muralhas, para a salvarem. SĂł descobrirĂĄs neles virtudes resplandecentes.
«Mas tu, que pĂ”es mĂĄ cara diante do poder da terra, diante da grosseria, da podridĂŁo e dos vermes dos homens, começas por pedir ao homem que nĂŁo seja e que nĂŁo tenha nem sequer cheiro. Reprovas-lhe a expressĂŁo da sua força. Instalas capados Ă  frente do impĂ©rio. E eles entram a perseguir o vĂ­cio, que nĂŁo passa de poder mal empregado. É o poder e a vida que eles perseguem e, no entanto, tornam-se guardiĂ”es de museu e vigiam um impĂ©rio morto»