Textos sobre Comparação

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Textos de comparação escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

A Nossa Prodigiosa Parcialidade

Todos nós temos uma prodigiosa parcialidade em favor de nós mesmos, e, se déssemos sempre vazão a esses nossos sentimentos, causaríamos a maior indignação uns aos outros, não somente pela presença imediata de um objecto de comparação tão desagradável, mas também pela contrariedade dos nossos respectivos juízos. Assim, do mesmo modo que estabelecemos o direito natural para assegurar a propriedade dentro da sociedade e impedir o choque entre interesses pessoais, também estabelecemos as regras da boa educação, a fim de impedir o choque entre os orgulhos dos homens e tornar o seu relacionamento agradável e inofensivo. Nada é mais desagradável que um homem com uma imagem presunçosa de si mesmo, embora quase todo o mundo tenha uma forte inclinação para esse vício.

Regra Essencial de Leitura

Uma regra da leitura consiste em reduzir a poucas palavras a intenção e a ideia principal do autor e em apossar-se delas sob essa froma. Quem lê assim, fica ocupado e lucra. Existe uma espécie de leitura, na qual o espírito nada ganha e perde muito: é a leitura sem comparação com os próprios conhecimentos e sem integração com o próprio sistema de pensar.

Amor e Amizade Afectam Sempre Terceiros

Pretende-se sempre obter a mesma preferência que se conce­de; o amor deve ser recíproco. Para se conseguir ser amado, é pre­ciso ser-se amável; para se ser preferido, é preciso ser-se mais amável que outro, mais amável que todos os outros, pelo menos aos olhos do objecto amado. Daí, os primeiros olhares sobre os nossos semelhantes; daí, as primeiras comparações com eles, daí a emu­lação, as rivalidades, o ciúme. Um coração penetrado de um sen­timento que transborda gosta de se expandir: da necessidade de uma amada, em breve nasce a de um amigo. Aquele que experi­menta a doçura de ser amado quereria sê-Io por todos, e todos não poderiam pretender ser preferidos, sem que houvesse muitos des­contentes. Com o amor e a amizade, nascem as desavenças, a an­tipatia, o ódio. Do seio de tantas paixões diferentes, vejo a opinião que, para si mesma, erige um trono firme, e os estúpidos mortais, sujeitos ao seu domínio, basearam a sua existência nos juízos de outrém.

Viver com o Coração ou com a Razão

Viver segundo a razão, alvitre que os filósofos pregoam, é bom de dizer-se e desejar-se, mas enquanto os filósofos não derem uma razão a cada homem, e essa razão igual à de todos os homens, o apostolado é de todo inútil. Melhor avisados andam os moralistas religiosos, subordinando a humanidade aos ditames de uma mesma fé; todavia, e sem menoscabo dos preceitos evangélicos que altamente venero, parece-me que o homem, sincero crente, e devotado cristão, no meio destes mouros, que vivem à luz do século, e meneiam os negócios temporais a seu sabor, tal homem, se pedir a seu bom juízo religioso a norma dos deveres a respeitar, e dos direitos a reclamar, ganha créditos de parvo, e morre sequestrado dos prazeres da vida, se quiser poupar-se ao desgosto de ser apupado, procurando-os.

Como sabem, eu nunca andei em boas-avenças com a religião de meus pais; e por isso me abstenho de lhe imputar a responsabilidade das minhas quedas, seja dos pináculos aéreos onde o coração me alçou, seja do raso da razão, onde as quedas, bem que baixas, são mais igminiosas. Eu comparo o cair das alturas do coração à queda que se dá dum garboso cavalo: quem nos vê cair pode ser que nos deplore;

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