A Força da Ignorùncia
Por que causa a ignorĂąncia nos mantĂ©m agarrados com tanta força? Primeiro, porque nĂŁo a repelimos com suficiente energia nem usamos todas as nossas forças para nos libertarmos dela; depois, porque nĂŁo confiamos o bastante nas liçÔes dos sĂĄbios nem as interiorizamos como devĂamos, antes tratamos uma tĂŁo magna questĂŁo de forma leviana. Como pode alguĂ©m, aliĂĄs, aprender suficientemente a lutar contra os vĂcios se apenas dedica a esse estudo o tempo que os vĂcios lhe deixam livre?…
Nenhum de nĂłs aprofunda bastante esta matĂ©ria; abordamos o assunto pela rama e, como gente extremamente ocupada, achamos que dedicar umas horas Ă filosofia Ă© mais do que suficiente. E o que mais nos prejudica Ă© a facilidade com que o nosso amor prĂłprio se satisfaz. Se encontramos alguĂ©m que nos ache homens de bem, homens esclarecidos e irrepreensĂveis, logo nos mostramos de acordo! Nem sequer nos contentamos com louvores comedidos: tudo quanto a adulação despudoradamente nos atribui, nĂłs o assumimos como de pleno direito. Se alguĂ©m nos declara os melhores e mais sĂĄbios do mundo, nĂłs assentimos, mesmo quando sabemos que esse alguĂ©m Ă© useiro e vezeiro na mentira! A nossa autocomplacĂȘncia vai mesmo tĂŁo longe que pretendemos ser louvados em nome de princĂpios que as nossas acçÔes frontalmente desmentem (…) A consequĂȘncia Ă© que ninguĂ©m mostra vontade de corrigir o seu carĂĄcter,
Textos sobre ConsequĂȘncia de SĂ©neca
2 resultadosA Justa Medida, sem Grandezas nem Excessos
Uma grande alma distingue-se por desprezar a grandeza, e por preferir a justa medida aos excessos, jĂĄ que a primeira se limita ao que Ă© Ăștil e indispensĂĄvel Ă vida, enquanto os Ășltimos se tornam nocivos pelo prĂłprio facto de serem supĂ©rfluos. Ă assim que a fertilidade excessiva prejudica as searas, os colmos partem-se com o peso e a demasiada abundĂąncia de grĂŁo nĂŁo chega a amadurecer. O mesmo ocorre com as almas corroĂdas por um bem estar desmesurado, do qual usam em prejuĂzo nĂŁo sĂł dos outros como de si prĂłprias. Nenhum inimigo inflingiu a alguĂ©m golpes tĂŁo duros como aqueles que certas pessoas sofrem ocasionados pelos prĂłprios prazeres. SĂł uma coisa pode desculpar a imoderação, a louca voluptuosidade de tal gente: Ă© que sofrem a consequĂȘncia dos seus actos.
Não é sem razão, aliås, que uma tal loucura se apodera delas: o desejo de ultrapassar os limites naturais descamba necessariamente na desmesura. A necessidade natural tem o seu termo próprio, enquanto as necessidades artificiais derivadas do prazer nunca conhecem limitaçÔes. A utilidade serve de medida ao que é indispensåvel; mas por que padrão aferir o que é supérfluo? Por conseguinte, muitos afundam-se em prazeres sem os quais,