Textos sobre Crianças de Camilo Castelo Branco

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Textos de crianças de Camilo Castelo Branco. Leia este e outros textos de Camilo Castelo Branco em Poetris.

Se Queres Ser Feliz Abdica da InteligĂȘncia

Os tolos sĂŁo felizes; eu se fosse casado eliminava os tolos da minha casa. Cada cidadĂŁo, que me fosse apresentado, nĂŁo poderia sĂȘ-lo, sem exibir o diploma de sĂłcio da academia real das ciĂȘncias. Olha, criança, decora estas duas verdades que o Balzac nĂŁo menciona na «Fisiologia do Casamento». Um erudito, ao pĂ© da tua mulher, fala-lhe na civilização grega, na decadĂȘncia do impĂ©rio romano, em economia politica, em direito publico, e atĂ© em quĂ­mica aplicada ao extracto do espĂ­rito de rosas. Confessa que tudo isto o maior mal que pode fazer Ă  tua mulher Ă© adormecĂȘ-la. O tolo nĂŁo Ă© assim. Como ignora e desdenha a ciĂȘncia, dispara Ă  queima roupa na tua pobre mulher quantos galanteios importou de Paris, que sĂŁo originais em Portugal, porque sĂŁo ditos num idioma que nĂŁo Ă© francĂȘs nem portuguĂȘs.

Tua mulher, se tem a infelicidade de não ter em ti um marido doce e meigo, começa a comparar-te com o tolo, que a lisonjeia, e acha que o tolo tem muito juízo. Concedido juízo ao tolo, concede-se-lhe razão; concedida a razão, concede-se-lhe tudo. Ora aí tens porque eu antes queria ao pé de minha mulher o padre José Agostinho de Macedo,

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O Segredo de Salvar-me Pelo Amor

Quem hĂĄ aĂ­ que possa o cĂĄlix
De meus lĂĄbios apartar?
Quem, nesta vida de penas,
PoderĂĄ mudar as cenas
Que ninguém pÎde mudar ?

Quem possui na alma o segredo
De salvar-me pelo amor?
Quem me darĂĄ gota de ĂĄgua
Nesta angustiosa frĂĄgua
De um deserto abrasador?

Se alguém existe na terra
Que tanto possa, Ă©s tu sĂł!
Tu sĂł, mulher, que eu adoro,
Quando a Deus piedade imploro,
E a ti peço amor e dó.

Se soubesses que tristeza
Enluta meu coração,
Terias nobre vaidade
Em me dar felicidade,
Que eu busquei no mundo em vĂŁo.

Busquei-a em tudo na terra,
Tudo na terra mentiu!
Essa estrela carinhosa
Que luz Ă  infĂąncia ditosa
Para mim nunca luziu.

Infeliz desde criança
Nem me foi risonha a fé;
Quando a terra nos maltrata,
Caprichosa, acerba e ingrata,
Céu e esperança nada é.

Pois a ventura busquei-a
No vivo anseio do amor,
Era ardente a minha alma;
Conquistei mais de uma palma
À custa de muita dor.

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