Textos sobre Filhos de Sigmund Freud

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Textos de filhos de Sigmund Freud. Leia este e outros textos de Sigmund Freud em Poetris.

O Amor como Factor Civilizador

As provas da psicanálise demonstram que quase toda relação emocional íntima entre duas pessoas que perdura por certo tempo — casamento, amizade, as relações entre pais e filhos — contém um sedimento de sentimentos de aversão e hostilidade, o qual só escapa à percepção em consequência da repressão. Isso acha-se menos disfarçado nas altercações comuns entre sócios comerciais ou nos resmungos de um subordinado em relação ao seu superior. A mesma coisa acontece quando os homens se reúnem em unidades maiores. Cada vez que duas famílias se vinculam por matrimónio, cada uma delas se julga superior ou de melhor nascimento do que a outra. De duas cidades vizinhas, cada uma é a mais ciumenta rival da outra; cada pequeno cantão encara os outros com desprezo. Raças estreitamente aparentadas mantêm-se a certa distância uma da outra: o alemão do sul não pode suportar o alemão setentrional, o inglês lança todo tipo de calúnias sobre o escocês, o espanhol despreza o português. Não ficamos mais espantados que diferenças maiores conduzam a uma repugnância quase insuperável, tal como a que o povo gaulês sente pelo alemão, o ariano pelo semita.
Quando essa hostilidade se dirige contra pessoas que de outra maneira são amadas,

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O Falso Conforto da Religião

O homem comum entende como sendo a sua religião um sistema de doutrinas e promessas que, por um lado lhe explica os enigmas deste mundo com uma perfeição invejável, e que por outro lhe garante que uma Providência atenta cuidará da sua existência e o compensará, numa futura existência, por qualquer falha nesta vida. O homem comum só consegue imaginar essa Providência sob a figura de um pai extremamente elevado, pois só alguém assim conseguiria compreender as necessidades dos filhos dos homens ou enternecer-se com as suas orações e aplacar-se com os sinais dos seus remorsos. Tudo isto é tão manifestamente infantil, tão incongruente com a realidade, que para aquele que manifeste uma atitude amistosa para com a humanidade é penoso pensar que a grande maioria dos mortais nunca será capaz de estar acima desta visão de vida.
É ainda mais humilhante descobrir como é grande o número de pessoas, hoje em dia, que não podem deixar de perceber que essa religião é insustentável, e, no entanto, tentam defendê-la sucessivamente, numa série de lamentáveis actos retrógados. Gostaríamos de pertencer ao número dos crentes, para podermos advertir os filósofos que tentam preservar o Deus da religião substituindo-o por um princípio impessoal,

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