Agradar a Todos e a Ninguém
Aqueles que procuram agradar andam muito enganados. Para agradar, tornam-se maleáveis e dĂşcteis, apressam-se a corresponder a todos os desejos. E acabam por trair em todas as coisas, para serem como os desejam. Que hei-de eu fazer dessas alforrecas que nĂŁo tĂŞm ossos nem forma? Vomito-os e restituo-os Ă s suas nebulosas: vinde ver-me quando estiverdes construĂdos.
As prĂłprias mulheres se cansam quando alguĂ©m, para lhes demonstrar amor, aceita fazer-se eco e espelho, porque ninguĂ©m tem necessidade da sua prĂłpria imagem. Mas eu tenho necessidade de ti. Estás construĂdo como fortaleza e eu bem sinto o teu nĂşcleo. Senta-te ali, porque tu existes.
A mulher desposa e torna-se serva daquele que é de um império.
Textos sobre Imagem de Antoine de Saint-Exupéry
3 resultadosA Vaidade da Tua Imagem
Só podes ter esperanças de ser fiel se sacrificares a vaidade da tua imagem. É dizeres: «Eu penso como eles, sem distinção.» Ver-te-ás desprezado. Mas sendo, como és, parte desse corpo, queres lá saber do desprezo! Em vez de te importares com ele, agirás sobre esse corpo. E carregá-lo-ás com a tua própria inclinação. E irás buscar a tua honra à honra deles. Porque não há outra coisa a esperar.
Se tens motivos para teres vergonha, não te exponhas. Não fales. Rumina a tua vergonha. Essa indigestão que te forçará a restabeleceres-te na tua casa é excelente. Porque depende de ti. Mas aquele acolá tem os membros doentes. Que faz ele? Manda cortar os quatro membros. É doido. Podes procurar a morte para que ao menos em ti respeitem os teus. Mas não podes renegá-los, porque então é a ti que te renegas.
Não Há Comunicação Sem Envolvimento
SĂł atravĂ©s de um cerimonial consegues comunicar. Se ouvires distraĂdo essa mĂşsica e considerares distraĂdamente esse templo, nĂŁo nascerá nada em ti, nem serás alimentado. O Ăşnico meio de que disponho para te explicar a vida a que te convido Ă©, por conseguinte, que tu te comprometas pela força e te deixes amamentar por ela. Como te havia eu de explicar essa mĂşsica que ouvi-la nĂŁo basta, se nĂŁo te achas preparado para te deixares formular por ela? TĂŁo prestes vejo a morrer em ti a imagem da propriedade, que dela pouco mais resta do que gravatos. A palavra irĂłnica Ă© prĂłpria mas Ă© do cancro; um sono mau, um barulho que perturba, e aĂ estás tu privado de Deus. E recusado. Vejo-te sentado no portal, tendo atrás de ti a porta da tua casa fechada, totalmente separado do mundo, que nĂŁo passa do somatĂłrio de objectos vazios. Porque tu nĂŁo comunicas com os objectos, mas com os laços que os ligam.