Controlar a Ansiedade

Quando receamos algum mal, o prĂłprio facto de o recearmos atormenta-nos enquanto o aguardamos: teme-se vir a sofrer alguma coisa e sofre-se com o medo que se sente! Tal como nas doenças fĂ­sicas há certos sintomas que pressagiam a molĂ©stia – incapacidade de movimento, lassidĂŁo completa mesmo quando se nĂŁo faz nenhum esforço, sonolĂŞncia, calafrios por todo o corpo -, tambĂ©m um espĂ­rito dĂ©bil se sente abalado, mesmo antes de qualquer mal se abater sobre ele: como que adivinha o mal futuro, e deixa-se vencer antes do tempo. Há coisa mais insensata do que nos angustiarmos com o futuro em vez de deixarmos chegar a hora da aflição, e atrairmos sobre nĂłs todo um cĂşmulo de tormentos? Quando nĂŁo Ă© possĂ­vel livrarmo-nos por completo da angĂşstia, pelo menos adiemo-la tanto quanto pudermos. Queres ver como Ă© verdade que ninguĂ©m deve atormentar-se com o futuro?
Imagina um homem a quem tenha sido dito que depois dos cinquenta anos será submetido a graves suplícios: ele permanece imperturbável enquanto não passa a metade desse espaço de tempo, altura em que começa a aproximar-se da angústia prometida para a segunda metade da sua vida. Por um processo semelhante sucede também que certos espíritos doentes sempre em busca de motivos para sofrer se deixam tomar de tristeza por factos já remotos e esquecidos.

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