Textos sobre Necessidades de Antoine de Saint-Exupéry

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Textos de necessidades de Antoine de Saint-Exupéry. Leia este e outros textos de Antoine de Saint-Exupéry em Poetris.

Liberdade e Constrangimento SĂŁo Dois Aspectos da Mesma Necessidade

Liberdade e constrangimento sĂŁo dois aspectos da mesma necessidade, que Ă© ser aquele e nĂŁo um outro. Livre de ser aquele, nĂŁo livre de ser um outro. (…) NĂŁo hĂĄ quem o nĂŁo saiba. Os que reclamam a liberdade reclamam a moral interior, para que nem assim o homem deixe de ser governado. O gendarme – dizem eles de si para si – estĂĄ no interior. E os que solicitam a coacção afirmam-te que ela Ă© liberdade de espĂ­rito. Tu, na tua casa, tens a liberdade de atravessar as antecĂąmaras, de medir a passos largos as salas, uma por uma, de empurrar as portas, de subir ou descer as escadas. E a tua liberdade cresce Ă  medida que aumentam as paredes e as peias e os ferrolhos. E dispĂ”es de um nĂșmero tanto maior de actos possĂ­veis onde escolher aquele que hĂĄs-de praticar, quantas mais obrigaçÔes te impĂŽs a duração das tuas pedras. E, na sala comum, onde assentas arraiais no meio da desordem, deixas de dispor de liberdade, passa a haver dissolução.
E, afinal de contas, todos sonham com uma e a mesma cidade. Mas um reclama para o homem, tal como ele Ă©, o direito de agir.

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Agradar a Todos e a Ninguém

Aqueles que procuram agradar andam muito enganados. Para agradar, tornam-se maleĂĄveis e dĂșcteis, apressam-se a corresponder a todos os desejos. E acabam por trair em todas as coisas, para serem como os desejam. Que hei-de eu fazer dessas alforrecas que nĂŁo tĂȘm ossos nem forma? Vomito-os e restituo-os Ă s suas nebulosas: vinde ver-me quando estiverdes construĂ­dos.
As prĂłprias mulheres se cansam quando alguĂ©m, para lhes demonstrar amor, aceita fazer-se eco e espelho, porque ninguĂ©m tem necessidade da sua prĂłpria imagem. Mas eu tenho necessidade de ti. EstĂĄs construĂ­do como fortaleza e eu bem sinto o teu nĂșcleo. Senta-te ali, porque tu existes.
A mulher desposa e torna-se serva daquele que é de um império.

De que Serve Discutir as Ideologias?

Para compreendermos o homem e as suas necessidades, para o conhecermos naquilo que ele tem de essencial, nĂŁo precisamos de pĂŽr em confronto as evidĂȘncias das nossas verdades. Sim, tĂȘm razĂŁo. TĂȘm todos razĂŁo. A lĂłgica demonstra tudo. Tem razĂŁo aquele que rejeita que todas as desgraças do mundo recaiam sobre os corcundas. Se declararmos guerra aos corcundas, aprenderemos rapidamente a exaltar-nos. Vingaremos os crimes dos corcundas. E, sem dĂșvida, tambĂ©m os corcundas cometem crimes.
A fim de tentarmos separar este essencial, é necessårio esquecermos por um instante as divisÔes que, uma vez admitidas, implicam todo um Corão de verdades inabalåveis e o inerente fanatismo. Podemos classificar os homens em homens de direita e em homens de esquerda, em corcundas e não corcundas, em fascistas e em democratas, e estas distinçÔes são inconteståveis.
Mas sabem que a verdade Ă© aquilo que simplifica o mundo, e nĂŁo aquilo que cria o caos. A verdade Ă© a linguagem que desencadeia o universal.
Newton não «descobriu» uma lei hå muito disfarçada de solução de enigma, Newton efectuou uma operação criativa. Instituiu uma linguagem de homem capaz de exprimir simultaneamente a queda da maçã num prado ou a ascensão do sol.

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