De que Serve Discutir as Ideologias?

Para compreendermos o homem e as suas necessidades, para o conhecermos naquilo que ele tem de essencial, nĂŁo precisamos de pĂŽr em confronto as evidĂȘncias das nossas verdades. Sim, tĂȘm razĂŁo. TĂȘm todos razĂŁo. A lĂłgica demonstra tudo. Tem razĂŁo aquele que rejeita que todas as desgraças do mundo recaiam sobre os corcundas. Se declararmos guerra aos corcundas, aprenderemos rapidamente a exaltar-nos. Vingaremos os crimes dos corcundas. E, sem dĂșvida, tambĂ©m os corcundas cometem crimes.
A fim de tentarmos separar este essencial, é necessårio esquecermos por um instante as divisÔes que, uma vez admitidas, implicam todo um Corão de verdades inabalåveis e o inerente fanatismo. Podemos classificar os homens em homens de direita e em homens de esquerda, em corcundas e não corcundas, em fascistas e em democratas, e estas distinçÔes são inconteståveis.
Mas sabem que a verdade Ă© aquilo que simplifica o mundo, e nĂŁo aquilo que cria o caos. A verdade Ă© a linguagem que desencadeia o universal.
Newton não «descobriu» uma lei hå muito disfarçada de solução de enigma, Newton efectuou uma operação criativa. Instituiu uma linguagem de homem capaz de exprimir simultaneamente a queda da maçã num prado ou a ascensão do sol. A verdade não é o que se demonstra, mas o que se simplifica.
De que serve discutir as ideologias? Se todas se demonstram, também todas se opÔem, e semelhantes discussÔes fazem duvidar da salvação do homem. Ainda que o homem, por todo o lado, à nossa volta, revele as mesmas necessidades.