A Paz Social
NĂŁo nos seduz nem satisfaz a riqueza, nem o luxo da tĂ©cnica, nem a aparelhagem que diminua o homem, nem o delĂrio da mecânica, nem o colossal, o imenso, o Ăşnico, a força bruta, se a asa do espĂrito os nĂŁo toca e submete ao serviço de uma vida cada vez mais bela, mais elevada e nobre. Sem nos distrair da actividade que a todos proporcione maior porção de bens e com eles mais conforto material, o ideal Ă© fugir ao materialismo do tempo: levar a ser mais fecundo o campo, sem emudecer nele as alegres canções das raparigas; tecer o algodĂŁo ou a lĂŁ no mais moderno tear, sem entrelaçar no fio o Ăłdio de classe nem expulsar da oficina ou da fábrica o nosso velho espĂrito patriarcal.
Duma civilização que regressa cientificamente Ă selva separa-nos sem remissĂŁo o espiritualismo — fonte, alma, vida da nossa HistĂłria. Fugimos a alimentar os pobres de ilusões, mas queremos a todo o transe preservar da onda que cresce no Mundo a simplicidade de vida, a pureza dos costumes, a doçura dos sentimentos, o equilĂbrio das relações sociais, esse ar familiar, modesto mas digno da vida portuguesa — e, atravĂ©s dessas conquistas ou reconquistas das nossas tradições,
Textos sobre Ondas
45 resultadosNĂŁo Julgues
NĂŁo julgues. A vida Ă© um mistĂ©rio, cada um obedece a leis diferentes. Conheces porventura a força das coisas que os conduziram, os sofrimentos e os desejos que cavaram o seu caminho? Supreendestes porventura a voz da sua consciĂŞncia a revelar-lhes em voz baixa o segredo do seu destino? NĂŁo julgues; olha o lago puro e a água tranquila onde vĂŞm quebrar-se as mil vagas que varrem o universo… É preciso que aconteça tudo aquilo que vĂŞs.
Todas as ondas do oceano são precisas para levar ao porto o navio da verdade. Acredita na eficácia da morte do que queres para participares do triunfo do que deve ser.
O Livre-ArbĂtrio nĂŁo Existe
Contemplando uma cascata, acreditamos ver nas inĂşmeras ondulações, serpenteares, quebras de ondas, liberdade da vontade e capricho; mas tudo Ă© necessidade, cada movimento pode ser calculado matemáticamente. O mesmo acontece com as acções humanas; poder-se-ia calcular antecipadamente cada acção, caso se fosse omnisciente, e, da mesma maneira, cada progresso do conhecimento, cada erro, cada maldade. O homem, agindo ele prĂłprio, tem a ilusĂŁo, Ă© verdade, do livre-arbĂtrio; se por um instante a roda do mundo parasse e houvesse uma inteligĂŞncia calculadora omnisciente para aproveitar essa pausa, ela poderia continuar a calcular o futuro de cada ser atĂ© aos tempos mais distantes e marcar cada rasto por onde essa roda a partir de entĂŁo passaria. A ilusĂŁo sobre si mesmo do homem actuante, a convicção do seu livre-arbĂtrio, pertence igualmente a esse mecanismo, que Ă© objecto de cálculo.
O Grande Engano da Mediocridade
O grande engano da mediocridade! Este Ă© um alerta para os nossos dias. O fácil, o imediato, o que dá para todos, o que passa por democrático, o que está ‘benzinho’ e mediano, parece, tantas vezes, a solução. NĂŁo fazer ondas, ceder, ir pelo mais ou menos, vale tudo desde que nĂŁo chegue cá o incĂłmodo: este Ă© o retrato dos desiludidos! Nivelar por baixo nĂŁo Ă© caminho, Ă© engano.
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Arrependimento Imoral
O homem a quem o arrependimento, após o pecado, impõe grandes exigências morais, expõe-se à acusação de ter tornado a sua tarefa demasiado fácil. Não praticou o que é essencial na moral, a renúncia; com efeito, o comportamento
moral ao longo da vida Ă© exigido em função dos interesses práticos da humanidade. O homem citado recorda-nos os bárbaros das grandes ondas migradoras, que matavam e depois faziam penitĂŞncia, e para os quais fazer penitĂŞncia acabou por se tornar uma tĂ©cnica facilitadora do assassĂnio.