Liberdade e Constrangimento SĂŁo Dois Aspectos da Mesma Necessidade
Liberdade e constrangimento sĂŁo dois aspectos da mesma necessidade, que Ă© ser aquele e nĂŁo um outro. Livre de ser aquele, nĂŁo livre de ser um outro. (…) NĂŁo há quem o nĂŁo saiba. Os que reclamam a liberdade reclamam a moral interior, para que nem assim o homem deixe de ser governado. O gendarme – dizem eles de si para si – está no interior. E os que solicitam a coacção afirmam-te que ela Ă© liberdade de espĂrito. Tu, na tua casa, tens a liberdade de atravessar as antecâmaras, de medir a passos largos as salas, uma por uma, de empurrar as portas, de subir ou descer as escadas. E a tua liberdade cresce Ă medida que aumentam as paredes e as peias e os ferrolhos. E dispões de um nĂşmero tanto maior de actos possĂveis onde escolher aquele que hás-de praticar, quantas mais obrigações te impĂ´s a duração das tuas pedras. E, na sala comum, onde assentas arraiais no meio da desordem, deixas de dispor de liberdade, passa a haver dissolução.
E, afinal de contas, todos sonham com uma e a mesma cidade. Mas um reclama para o homem, tal como ele Ă©, o direito de agir.
Textos sobre Portas de Antoine de Saint-Exupéry
2 resultadosNão Há Comunicação Sem Envolvimento
SĂł atravĂ©s de um cerimonial consegues comunicar. Se ouvires distraĂdo essa mĂşsica e considerares distraĂdamente esse templo, nĂŁo nascerá nada em ti, nem serás alimentado. O Ăşnico meio de que disponho para te explicar a vida a que te convido Ă©, por conseguinte, que tu te comprometas pela força e te deixes amamentar por ela. Como te havia eu de explicar essa mĂşsica que ouvi-la nĂŁo basta, se nĂŁo te achas preparado para te deixares formular por ela? TĂŁo prestes vejo a morrer em ti a imagem da propriedade, que dela pouco mais resta do que gravatos. A palavra irĂłnica Ă© prĂłpria mas Ă© do cancro; um sono mau, um barulho que perturba, e aĂ estás tu privado de Deus. E recusado. Vejo-te sentado no portal, tendo atrás de ti a porta da tua casa fechada, totalmente separado do mundo, que nĂŁo passa do somatĂłrio de objectos vazios. Porque tu nĂŁo comunicas com os objectos, mas com os laços que os ligam.