Não hå Sabedoria sem Esforço
Certos vĂcios, temos o hĂĄbito de atribuĂ-los aos condicionalismos do lugar e do tempo, mas o certo Ă© que, para onde quer que vamos, esses vĂcios nos acompanham. (…) Para quĂȘ iludirmo-nos? O nosso mal nĂŁo vem do exterior, estĂĄ dentro de nĂłs, enraizado nas nossas vĂsceras, e, como ignoramos o mal de que sofremos, sĂł com dificuldade recuperamos a saĂșde. E mesmo que jĂĄ tenhamos iniciado o tratamento, quando nos serĂĄ possĂvel levar de vencida a enorme virulĂȘncia de tĂŁo numerosas enfermidades? Nem sequer solicitamos a presença do mĂ©dico, quando afinal Ă© mais fĂĄcil tratar uma doença ainda no inĂcio. Almas ainda frescas e inexperientes obedecem sem tardar a quem lhes indique o justo caminho. SĂł Ă© difĂcil reconduzir Ă via da natureza quem deliberadamente dela se apartou. Parece que temos vergonha de aprender a sabedoria! Pelos deuses, se acharmos que Ă© vergonhoso buscar um mestre, entĂŁo podemos perder a esperança de obter as vantagens da sabedoria por obra do acaso. A sabedoria sĂł se obtĂ©m pelo esforço.
Para dizer a verdade, nem sequer Ă© necessĂĄrio grande esforço se, como disse, começarmos a formar e a corrigir a nossa alma antes que as mĂĄs tendĂȘncias cristalizem. Mas mesmo jĂĄ empedernidas,
Textos sobre VĂcio
103 resultadosNada Vence as PaixÔes Profundas de Cada Um
As paixĂ”es opĂ”em-se Ă s paixĂ”es, e podem servir de contrapeso umas Ă s outras; mas a paixĂŁo dominante nĂŁo se pode conduzir senĂŁo pelo seu prĂłprio interesse, real ou imaginĂĄrio, porque ela reina despoticamente sobre a vontade, sem a qual nada se pode. Contemplo humanamente as coisas, e acrescento nesÂse espĂrito: nem todo o alimento Ă© prĂłprio para todos os corÂpos; nem todos os objetos sĂŁo suficientes para tocar deterÂminadas almas. Quem acredita serem os homens ĂĄrbitros soberanos dos seus sentimentos nĂŁo conhece a natureza; consiga-se que um surdo se divirta com os sons encantadoÂres de Mureti, peça-se a uma jogadora, que estĂĄ a jogar uma grande partida, que tenha a complacĂȘncia e a sabedoÂria de se enfadar durante a mesma, nenhuma arte pode fazĂȘ-lo.
Os sĂĄbios enganam-se quando oferecem a paz Ă s paixĂ”es: as paixĂ”es sĂŁo inimigas dela. Eles elogiam a moÂderação para aqueles que nasceram para a acção e para uma vida agitada; que importa a um homem doente a delicadeza de um festim que lhe repugna? NĂłs nĂŁo conhecemos os defeitos de nossa alma; mas ainda que pudĂ©ssemos conhecĂȘ-los, raramente haverĂaÂmos de os querer vencer.
As nossas paixĂ”es nĂŁo sĂŁo distintas de nĂłs mesmos; alÂgumas delas sĂŁo todo o fundamento e toda a substĂąncia da nossa alma.
A abstinĂȘncia torna-se estĂ©ril quando ditada pela fraqueza do corpo ou pelo vĂcio da avareza
A abstinĂȘncia torna-se estĂ©ril quando ditada pela fraqueza do corpo ou pelo vĂcio da avareza.