Não espere pelo Juízo Final. Ele ocorre diariamente.
Passagens de Albert Camus
197 resultadosSem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro.
Dar-se não tem sentido a não ser que nos possuamos.
A Falácia do Homem Livre
Cá entre nós, a servidão, de preferência sorridente, é pois inevitável. Mas não o devemos reconhecer. Quem não pode fugir a ter escravos, não valerá mais que os chame homens livres? Por princípio, em primeiro lugar, e depois para os não desesperar. É-lhes bem devida esta compensação, não acha? Deste modo eles continuarão a sorrir e nós manter-nos-emos de consciência tranquila. Sem o que, seríamos forçados a voltar-nos para nós mesmos, ficaríamos loucos de dor, ou até modestos, tudo é de temer.
Saber se o homem é livre exige saber se ele pode ter um amo. A absurdidade particular deste problema é que a própria noção que possibilita o problema da liberdade lhe retira, ao mesmo tempo, todo o seu sentido. Porque diante de Deus, mais que um problema da liberdade, há um problema do mal. A alternativa conhecida: ou não somos livres e o responsável pelo mal é Deus todo-poderoso, ou somos livres e responsáveis, mas Deus não é todo-poderoso. Todas as sutilezas das escolas nada acrescentaram nem tiraram de decisivo a este paradoxo.
Sem liberdade não há arte; a arte vive somente das restrições que ela impõe a si mesma, e morre de todas as outras.
Não caminhe atrás de mim; eu posso não liderar. Não caminhe na minha frente; eu posso não seguir. Simplesmente caminhe a meu lado e seja meu amigo.
Quem escreve de um modo claro tem leitores. Quem escreve de um modo obscuro, comentadores.
O heroísmo de pouco vale, a felicidade é mais difícil.
Não há ordem sem justiça.
O significado da vida é a mais urgente das questões.
Fazer sofrer é a única maneira de nos enganarmos.
Não espere pelo Julgamento Final. Ele acontece todos os dias.
Não há sol sem sombra, e é essencial conhecer a noite.
Desconfiança da Virtude Formal
Desconfiança da virtude formal – eis a explicação deste mundo. Os que sentiram uma vez esta desconfiança em relação a si próprios e passaram a tê-la em relação a todos os outros, ganharam uma susceptibilidade incessante relativamente a toda a virtude declarada. Daí a suspeitar da virtude em acto vai apenas um passo. Optaram pois por chamar virtude a quanto sirva ao advento da sociedade que eles desejam. O móbil profundo (esta desconfiança) é nobre. Mas estará o raciocínio certo, eis a questão.
O Homem é a única criatura que se recusa a ser o que é.
(…) Mesmo sentado em um banco dos réus é sempre interessante ouvir falar da gente.
Sim, dormimos, e isto é confortante, pois o maior desejo de um coração inquieto é possuir interminavelmente o ser amado, ou, dada a separação, poder mergulhá-lo num sono sem sonhos que não termine antes do reencontro.
Não ser amado é uma simples desventura. A verdadeira desgraça é não saber amar.
O que é um rebelde? Um homem que diz não.