Abraça o Conteúdo e Não a Forma
Às vezes o homem repudia a mulher, ou a mulher muda de amante, por se ter desiludido. Consequências do comportamento leviano quer de um quer do outro. Porque só é possível amar através da mulher e não a mulher. Através do poema e não o poema. Através da paisagem entrevista do alto das montanhas. E a licenciosidade nasce da angústia de não se conseguir ser. Quando uma pessoa anda com insónias, volta-se e torna-se a voltar na cama, à procura do fresco ombro do leito. Mas basta tocá-lo, para ele se tornar tépido e recusar-se. E ele procura noutro sítio uma fonte durável de frescura. Mas não consegue dar com ela, porque mal lhe toca a provisão esvai-se.
O mesmo se passa com aquele ou com aquela que se fica no vazio dos seres. Não passam de vazios os seres que não são janelas ou frestas para Deus. É por isso que, no amor vulgar, só amas o que te foge. De outra maneira, vês-te saciado e descoroçoado com a tua satisfação.
Passagens de Antoine de Saint-Exupéry
233 resultadosSe queres compreender a palavra ‘felicidade’, indispensável se torna entendê-la como recompensa e não como fim.
Foi o tempo de dedicaste a tua rosa que a tornou única para você.
O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem. Por isso nunca se canse de amar, algum dia você verá os grandes frutos do seu amor que foi sempre cultivado.
Um único evento pode despertar dentro de nós um estranho totalmente desconhecido.
A vida nos ensinou que o amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim olhar juntos para fora na mesma direção.
Em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos.
Fiquei a meditar muito tempo na muralha. É em ti que a verdadeira muralha existe.
Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito longe…
Não Há Comunicação Sem Envolvimento
Só através de um cerimonial consegues comunicar. Se ouvires distraído essa música e considerares distraídamente esse templo, não nascerá nada em ti, nem serás alimentado. O único meio de que disponho para te explicar a vida a que te convido é, por conseguinte, que tu te comprometas pela força e te deixes amamentar por ela. Como te havia eu de explicar essa música que ouvi-la não basta, se não te achas preparado para te deixares formular por ela? Tão prestes vejo a morrer em ti a imagem da propriedade, que dela pouco mais resta do que gravatos. A palavra irónica é própria mas é do cancro; um sono mau, um barulho que perturba, e aí estás tu privado de Deus. E recusado. Vejo-te sentado no portal, tendo atrás de ti a porta da tua casa fechada, totalmente separado do mundo, que não passa do somatório de objectos vazios. Porque tu não comunicas com os objectos, mas com os laços que os ligam.
A Felicidade Está no Realizar, e Não no Usufruir
Atolavam-se na ilusão da felicidade que extraíam dos bens possuídos. Ora a felicidade o que é senão o calor dos actos e o contentamento da criação? Aqueles que deixam de trocar seja o que for deles próprios e recebem de outrem o alimento, nem que fosse o mais bem escolhido e o mais delicado, aqueles que ouvem subtilmente os poemas alheios sem escreverem os poemas próprios, aproveitam-se do oásis sem o vivificarem, consomem cânticos que lhes fornecem, e fazem lembrar os que se apegam às mangedouras no estábulo e, reduzidos ao papel de gado, mostram-se prontos para a escravatura.
Não se compra a amizade de um companheiro a quem as privações vividas em comum nos ligaram para sempre.
A autoridade repousa sobre a razão.
O amor são caminhos invisíveis que libertam as pessoas.
Eis o meu segredo: é muito simples, só se vê bem com o coração.
É apenas com o coração que se pode ver direito; o essencial é invisível aos olhos.
E eu compreendi que não podia suportar a ideia de nunca mais escutar esse riso. Ele era para mim como uma fonte no deserto…
Um monte de pedras deixa de ser um monte de pedras no momento em que um único homem o contempla, nascendo dentro dele a imagem de uma catedral.
É o espírito que conduz o mundo e não a inteligência.
Não há uma fatalidade exterior. Mas existe uma fatalidade interior: há sempre um minuto em que nos descobrimos vulneráveis; então, os erros atraem-nos como uma vertigem.