Pois há tempo de rosas, outro de melões, e não comereis morangos senão na época de morangos.
Passagens de Clarice Lispector
1250 resultadosA vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: «pertencer é viver». Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho.
Sofro se isso acontecer, que alguém leia meus livros apenas no método do vira-depressa-a-página dinâmico. Escrevi-os com amor, atenção, dor e pesquisa, e queria de volta como mínimo uma atenção completa. (…) E no entanto o cómico é que eu não tenho mais paciência de ler ficção.
Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado, com certeza vai mais longe.
Mas é que a verdade nunca me fez sentido. A verdade não me faz sentido! É por isso que eu a temia e a temo.
Não tenho tempo para mais nada. Ser feliz me consome muito
A única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais….
Aliás uma pergunta que me fez: o que mais me importava – se a maternidade ou a literatura. O modo imediato de saber a resposta foi eu me perguntar: se tivesse de escolher uma delas, que escolheria? A resposta era simples: eu desistiria da literatura. Nem tem dúvida que como mãe sou mais importante do que como escritora.
Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calmo e perdoo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre.
Onde aprender a odiar para não morrer de amor?
Entre a palavra e o pensamento existe o meu ser. Meu pensamento é puro ar impalpável, insaisissable. Minha palavra é de terra. Meu coração é vida. Minha energia electrónica é mágica de origem divina. Meu símbolo é o amor. Meu ódio é energia atómica.
Manifestar o inexpressivo é criar.
Não me deixe ir, posso nunca mais voltar…
Se foi um erro, amanhã vira aprendizado
Eu sou nostálgica demais, pareço ter perdido alguma coisa não se sabe onde e quando.
O futuro é meu enquanto eu viver.
Se me abandonar, ainda vivo um pouco, o tempo que um passarinho fica no ar sem bater asas, depois caio, caio e morro.
Mas lembrar-se com saudade é como se despedir de novo.
E eis que de repente eles param e mudos, graves, espantados se olham nos olhos: é que eles sabiam que um dia iriam amar. Um Sopro de Vida
Pouco sei sobre o amor. Apenas lembro-me que o temia e o procurava.