Sou todas essa coisas, embora o não queira, no fundo confuso da minha sensibilidade fatal.
Frases de Fernando Pessoa
1092 resultadosO valor essencial da arte está em ela ser o indício da passagem do homem no mundo, o resumo da sua experiência emotiva dele; e, como é pela emoção, e pelo pensamento que a emoção provoca, que o homem mais realmente vive na terra, a sua verdadeira experiência regista-a ele nos fastos das suas emoções e não na crónica do seu pensamento científico, ou nas histórias dos seus regentes e dos seus donos.
Por fácil que seja, todo o gesto representa a violação de um segredo espiritual. Todo o gesto é um acto revolucionário; um exílio, talvez, da verdadeira dos nossos propósitos.
Criador de anarquias sempre me pareceu o papel digno de um intelectual – dado que a inteligência desintegra e a análise estiola.
Amar é cansar-se de estar só: é uma cobardia portanto, e uma traição a nós próprios (importa soberanamente que não amemos).
Ainda que em torno de nós rua o que fingimos que somos, porque coexistimos, devemos ficar impávidos – não porque sejamos justos mas porque somos nós, e sermos nós é nada ter que ver com essas coisas externas que ruem, ainda que ruam sobre o que para elas somos.
Mudem-me os deuses os sonhos, mas não o dom de sonhar.
A teoria de Freud é uma espécie de falicismo sublimado – uma forma científica, atavicamente eruptiva, de falicismo.
Toda beleza é um sonho, inda que exista. Porque a beleza é sempre mais do que é.
A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos.
O homem é um animal que desperta, sem que saiba onde nem para quê.
Se conhecêssemos a verdade, vê-la-íamos; tudo o mais é sistema e arrabaldes.
Aquilo a que chamamos matéria é o sonho de uma inteligência infinita.
As figuras de romance – como todos sabemos – são tão reais como qualquer de nós.
Tornamo-nos esfinges, ainda que falsas, até chegarmos ao ponto de não sabermos quem somos.
Crer é morrer; pensar é duvidar.
Sentado aqui, a escrever à minha mesa, com as minhas canetas e lápis, etc., de repente me sobrevêm o mistério do universo e páro, tremo, temo, desejo neste momento deixar de sentir, esconder-me, bater com a cabeça na parede. Feliz aquele que pode pensar em profundidade, mas sentir assim tão em profundidade é uma maldição. Como poderei descrevê-lo? Horror sobre horror…
A fé é o instinto da acção.
Sou o que penso, mas penso ser tantas coisas.
O governo assenta em duas coisas: refrear e enganar.