Frases de Florbela Espanca

261 resultados
Frases de Florbela Espanca. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.

Para mim? Para ti? Para ninguém. Quero atirar para aqui, negligentemente, sem pretensões de estilo, sem análises filosóficas, o que os ouvidos dos outros não recolhem: reflexões, impressões, ideias, maneiras de ver, de sentir — todo o meu espírito paradoxal, talvez frívolo, talvez profundo.

Dizes contentar-te com pouco; é essa, na realidade, a suprema sabedoria mas eu fui sempre a grande revoltada e a grande ambiciosa que só quer a felicidade quando ela seja como um turbilhão que dê a vertigem e que deslumbre!

O costume português é deixar-se tudo em palavras mas palavras que são bolas de sabão deitadas ao ar para distrair pequeninos de seis anos.

Digo para mim quando oiço
O teu lindo riso franco,
“São seus lábios espalhando,
As folhas dum lírio branco”.

Queria ser a erva humilde
Que pisasses algum dia,
Pra debaixo de teus pés
Morrer em doce agonia.

Não me enleiem mais com filosofias, com arguições e com queixas. (…) Eu não sei o que é a justiça, eu não sei o que é a verdade, eu não sei o que é o amor, eu não sei nada.

Guardar-me intacta, como um cristal transparente, para quê? Mas não imitemos Jeremias… só na alma é que a lama se não apaga; aquela com que nos salpicam, sai com água limpa.

Não falaremos de política nem de religião; não nos entenderíamos. Sou pagã e anarquista, como não poderia deixar de ser uma pantera que se preza…

Diz-me, porque não nasci igual aos outros, sem dúvidas, sem desejos de impossível? E é isso que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive.

Mas se eu pudesse, a mágoa que em mim chora, contar, não a chorava como agora, irmãos, não a sentia como sinto!

A questão dinheiro não me prende duma maneira exagerada, se bem que me não desagradasse ganhar algum para satisfazer os meus dois vícios: flores e livros.

Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!

Andam pombas assustadas
No teu olhar, adejando,
Mal sentem os meus olhos,
Batem as asas, voando.

Quem me dirá se, lá no alto, o céu também é para o mau, para o perjuro? Para onde vai a alma que morreu? Queria encontrar Deus! Tanto o procuro!

Se gostas de mim como até agora me tem parecido, o que tu terás a sofrer com os meus pobres nervos de sensitiva em que as mãos mais delicadas não podem tocar sem a fazer estremecer! Sou duma sensibilidade excessiva, aguda, profundíssima. Tudo me faz mal, e a sombra da frieza é para mim já o insuportável sofrimento.

Apesar de tudo, a loucura não é assim uma coisa tão feia como muita gente julga. Há tantas loucas felizes!