Estou tão magrita! A lâmina vai corroendo a bainha, a pouco e pouco, mas implacavelmente, com segurança. Devo ter por alma um diamante ou uma labareda e sinto nela a beleza inquietante e misteriosa das obras incompletas ou mutiladas.
Frases de Florbela Espanca
261 resultadosOlha para mim, amor, olha para mim; Meus olhos andam doidos por te olhar! Cega-me com o brilho de teus olhos Que cega ando eu há muito por te amar.
É nas almas simples que o amor Ă© mais puro e mais forte. O manancial de águas claras que na planĂcie vai matar sedes e reverdecer os campos, jorra do seio das duras pedras das montanhas em sĂtios agrestes, longe e alto!
Eu tudo compreendo, tudo sei; tenho passado a vida a arrancar-me espinhos, que não há nada que não tenha passado em mim; e a ronda trágica desta vida tem dançado comigo todas as suas danças. E para tudo tenho encontrado remédio, e tenho-me arrastado sempre; embora cansada e esfarrapada, tenho-me deixado viver.
Deixe-me dizer-lhe pela última vez que eu não tenho recordações. Ninguém guarda lembranças do que profundamente despreza.
Quando me nĂŁo quiseres mais
Mata-me por piedade!
Deixares-me a vida, sem ti
É bem maior crueldade!
Não tenho forças, não tenho energia, não tenho coragem para nada. Sinto-me afundar. Sou o ramo de salgueiro que se inclina e diz que sim a todos os ventos.
Quem na vida tem amores
NĂŁo pode viver contente,
É sempre triste o olhar
Daquele que muito sente.
O meu talento!… De que me tem servido? NĂŁo trouxe nunca Ă s minhas mĂŁos vazias a mais pequenina esmola do destino.
Tenho sempre na cabeça armazenadas algumas dezenas de coisas para impingir aos outros com o rótulo de versos.
A amizade Ă© o maior sentimento que nĂŁo morre.
Na estrada da vida os caminhantes passam de olhos vendados. Onde vamos?
Sou uma criatura que necessita de trabalhar e trabalhar muito; felizmente que um trabalho como o meu é muito bem pago e tem as suas compensações, principalmente uma, que em extremo me agrada: distrair-me. É isto que eu procuro na vida, sempre e a propósito de tudo, com um afã com que todos os mortais procuram a sempre decantada e fugidia felicidade.
Sou uma criatura vulgarmente educada, vulgarmente inteligente, vulgarmente cultivada. Tudo vulgar, querida, tudo!
Para mim? Para ti? Para ninguĂ©m. Quero atirar para aqui, negligentemente, sem pretensões de estilo, sem análises filosĂłficas, o que os ouvidos dos outros nĂŁo recolhem: reflexões, impressões, ideias, maneiras de ver, de sentir — todo o meu espĂrito paradoxal, talvez frĂvolo, talvez profundo.
Dizes contentar-te com pouco; Ă© essa, na realidade, a suprema sabedoria mas eu fui sempre a grande revoltada e a grande ambiciosa que sĂł quer a felicidade quando ela seja como um turbilhĂŁo que dĂŞ a vertigem e que deslumbre!
O costume portuguĂŞs Ă© deixar-se tudo em palavras mas palavras que sĂŁo bolas de sabĂŁo deitadas ao ar para distrair pequeninos de seis anos.
Digo para mim quando oiço
O teu lindo riso franco,
“SĂŁo seus lábios espalhando,
As folhas dum lĂrio branco”.
Queria ser a erva humilde
Que pisasses algum dia,
Pra debaixo de teus pés
Morrer em doce agonia.
Altiva e couraçada de desdém, vivo sozinha em meu castelo, a Dor!