Frases de Florbela Espanca

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Frases de Florbela Espanca. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.

Tanta coisa bonita que me tem dito e como eu gosto que os amigos – mas só os amigos… – me digam coisas assim bonitas!

Este anoitecer vai ser divino, como deves calcular. Foi sempre a minha hora de tragédia, a hora dos meus nervos dolorosos, dos meus pensamentos doidos; foi sempre, a noitinha, o meu grande calvário onde sobem devagarinho, em passos lentos, todas as minhas dores de muitos anos, todas as mágoas que me têm dado, e é nesta hora que eu rezo o meu verso, não sei de que soneto: “Ergue-se a minha cruz dos desalentos”.

Desde que o meu bem partiu
Parecem outras as cousas;
Até as pedras da rua
Têm aspecto de lousas!

Quando por acaso as piso,
Perturba-me um tal mistério!…
Como se pisasse à noite
As pedras dum cemitério…

Sou mais infeliz que os pobres
Que têm fome na rua.
Também eu ando faminta
De beijos da boca tua.

Sou uma céptica que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de ternura.

Quando o olvido vier
Teu amor amortalhar,
Quero a minha triste vida,
Na mesma cova, enterrar.

Minha alma de buscar-te anda perdida
Os meus olhos andam cegos de te ver
Porque não és sequer a razão do meu viver
Já que tu és toda a minha vida…

As sensações fortes entontecem-me e fazem-me sofrer. A nossa vida neste velho Portugal, vida toda de resignação e sentimentalidade, vida estreita e mesquinha, sem horizontes nem ondas largas, convém mais a uma velhota de 27 anos que vive pela imaginação mais do que tu podes imaginar; na minha cadeira da Ilha, com um livro que me encanta sobre o regaço eu viajo, às vezes, mais do que os maiores vagabundos, pelo mundo fora.

Não sei se tens reparado
Quando passeia, o luar
Pára sempre à tua porta
E encosta-se a chorar;

E eu que passo também
Na minha mágoa a cismar
Paro junto dele, e ficamos
Abraçados a chorar!

Escreve-me! Ainda que seja só Uma palavra, uma palavra apenas, Suave como o teu nome e casta Como um perfume casto d’açucenas!

Eu julgo que a mulher verdadeiramente digna é aquela a quem repugna uma traição, seja ela de que natureza for.

Os meus males ninguém mos adivinha… A minha Dor não fala, anda sozinha… Dissesse ela o que sente! Ai quem me dera!… Os males de Anto toda a gente sabe! Os meus… ninguém… A minha Dor não cabe nos cem milhões de versos que eu fizera!…

Quem me dera um coração
Que por mim bata somente.
Dai-me essa esmola, Senhor,
Para que eu morra contente!

Lembra-te que o tempo tudo consome. E se assim não fosse, o que seria a nossa vida!? Um ermo cemitério em que cada cruz representaria um morto sempre vivo! Completamente impossível! Se o tempo consome o corpo dos que morrem, como não consumir a lembrança deles? E se assim não fosse, que vida seria a nossa!? Deus, dando-nos a dor, deu-nos também o esquecimento…

Julguei gostar dum homem em toda a minha vida e afinal nem desse gostei porque o esqueci em menos tempo do que uma criança leva a esquecer uma boneca partida.

Se as minhas mãos em garra se cravassem sobre um amor em sangue a palpitar… Quantas panteras bárbaras mataram só pelo raro gosto de matar!

Abaixo sempre os meus olhos
Quando encontro o teu olhar;
De ver o sol de frente
Ninguém se pode gabar!