Está tudo quanto olho
Na escuridão mais intensa,
Faltou de teus olhos lindos
A luz profunda e imensa…
Frases de Florbela Espanca
261 resultadosNo gelo da indiferença ocultam-se as paixões
Como no gelo frio do cume da montanha
Se oculta a lava quente do seio dos vulcões…
Viver é não saber que se vive.
Ah, meu Amor! Mas quanta, quanta gente dirá, fechando o livro docemente: – Versos só nossos, só de nós os dois!…
Dizem-me que te não queira
Que tens, nos olhos, traição.
Ai, ensinem-me a maneira
De dar leis ao coração!
Não és sequer a razão de meu viver, pois que tu és já toda a minha vida.
O fado não é da terra,
O fado criou-o Deus,
O fado é andar doidinha
Perdida pelos olhos teus.
Um ente de paixão e sacrifício,
De sofrimentos cheio, eis a mulher!
Esmaga o coração dentro do peito,
E nem te doas coração, sequer!
Um livro é uma vaidade! Que importa ao mundo a côr da nossa imaginação, e as formas do nosso pensamento?
Toda a mulher que acarinha os filhos doutra tem uma alma bem formada.
Meu coração é ruína
Caindo todo a pedaços,
Oh, dai-lhe a hera piedosa
Bendita desses teus braços!
Quando um peito amargurado
Adora seja quem for,
Por muito infame que seja
Bendito seja esse amor!
É uma resposta aos que chamam ao suicídio um fim de cobardes e de fracos, quando são unicamente os fortes que se matam! Sabem lá esses pseudo-fortes o que é preciso de coragem para friamente, simplesmente, dizer um adeus à vida, à vida que é um instinto de todos nós, à vida tão amada e desejada a despeito de tudo, embora esta vida seja apenas um pântano infecto e imundo!
Tenho horror a tudo quanto de perto ou de longe se assemelha à popularidade. Abomino mesmo o meu pobre nome por não ser um nome como o de toda a gente; desta maneira, dentro do movimento literário português, sou no meu tempo, e guardadas as devidas distâncias, um Gustave Flaubert rabugento, desdenhoso das turbas e fechada em mim como num sacrário.
Se todos tivessem pelos bichos a simpatia que eu tenho, toda a gente se empregaria em tratá-los bem, como eles às vezes merecem bem mais do que as pessoas. De pessoas é que eu não gosto; e eu que não ligo importância a uma criança, enterneço-me vendo uma lagarta rastejar.
À tua compreensão só pode chegar a percepção dos objectos que os teus misérrimos sentidos te apresentam, e tal como eles tos apresentam.
Tanta coisa bonita que me tem dito e como eu gosto que os amigos – mas só os amigos… – me digam coisas assim bonitas!
Amo todos os sonhos que se calam de corações que sentem e não falam.
Este anoitecer vai ser divino, como deves calcular. Foi sempre a minha hora de tragédia, a hora dos meus nervos dolorosos, dos meus pensamentos doidos; foi sempre, a noitinha, o meu grande calvário onde sobem devagarinho, em passos lentos, todas as minhas dores de muitos anos, todas as mágoas que me têm dado, e é nesta hora que eu rezo o meu verso, não sei de que soneto: “Ergue-se a minha cruz dos desalentos”.
Desde que o meu bem partiu
Parecem outras as cousas;
Até as pedras da rua
Têm aspecto de lousas!Quando por acaso as piso,
Perturba-me um tal mistério!…
Como se pisasse à noite
As pedras dum cemitério…