A Nada Imploram Tuas MĂŁos jĂĄ Coisas
A nada imploram tuas mĂŁos jĂĄ coisas,
Nem convencem teus lĂĄbios jĂĄ parados,
No abafo subterrĂąneo
Da Ășmida imposta terra.SĂł talvez o sorriso com que amavas
Te embalsama remota, e nas memĂłrias
Te ergue qual eras, hoje
Cortiço apodrecido.E o nome inĂștil que teu corpo morto
Usou, vivo, na terra, como uma alma,
NĂŁo lembra. A ode grava,
AnĂŽnimo, um sorriso.
Passagens sobre InĂșteis
383 resultadosComo InĂștil Taça Cheia
Como inĂștil taça cheia
Que ninguém ergue da mesa,
Transborda de dor alheia
Meu coração sem tristeza.Sonhos de mågoa figura
SĂł para Ter que sentir
E assim nĂŁo tem a amargura
Que se temeu a fingir.Ficção num palco sem tåbuas
Vestida de papel seda
Mima uma dança de mågoas
Para que nada suceda.
O Que Procuro na Literatura
Que Ă© que eu procuro na literatura? Que Ă© que me arrasta para este combate interminĂĄvel e sempre votado ao fracasso? Como Ă© imbecil pensar-se que se escreve para se «ter nome» e as vantagens que nisso vĂȘm. Espera-se decerto sempre fazer melhor, mas sĂł porque sempre se falhou. Assim se sabe tambĂ©m que se vai falhar de novo. NĂŁo se escreve para ninguĂ©m, o problema decide-se apenas entre nĂłs e nĂłs. Mas hĂĄ um lugar inatingĂvel e cada nova tentativa Ă© uma tentativa para o alcançar.
O desejo que nos anima Ă© o de fixar, segurar pela palavra o que entrevemos e se nos furta. Julgamos Ă s vezes que o atingimos, mas logo se sabe que nĂŁo. Miragem perene de uma presença luminosa, de um absoluto de estarmos inundados dessa evidĂȘncia, encantamento que nos deslumbra no instante e nesse instante se dissolve.
O que me arrasta nesta luta sem fim é o aceno de uma plenitude de ser, a integração perfeita do que sou no milagre que me entreluz, a transfiguração de mim e do mundo no que fulgura e vai morrer.
RecaĂdo de cada vez no mais baixo, na grossa naturalidade de que sou feito,