A filosofia é um sistema de dúvidas.
Passagens de Jorge Luis Borges
126 resultadosO Presente não Existe
Não é extraordinário pensar que dos três tempos em que dividimos o tempo – o passado, o presente e o futuro -, o mais difícil, o mais inapreensível, seja o presente? O presente é tão incompreensível como o ponto, pois, se o imaginarmos em extensão, não existe; temos que imaginar que o presente aparente viria a ser um pouco o passado e um pouco o futuro. Ou seja, sentimos a passagem do tempo. Quando me refiro à passagem do tempo, falo de uma coisa que todos nós sentimos. Se falo do presente, pelo contrário, estarei falando de uma entidade abstracta. O presente não é um dado imediato da consciência.
Sentimo-nos deslizar pelo tempo, isto é, podemos pensar que passamos do futuro para o passado, ou do passado para o futuro, mas não há um momento em que possamos dizer ao tempo: «Detém-te! És tão belo…!», como dizia Goethe. O presente não se detém. Não poderíamos imaginar um presente puro; seria nulo. O presente contém sempre uma partícula de passado e uma partícula de futuro, e parece que isso é necessário ao tempo.
Sempre imaginei que o paraíso será uma espécie de biblioteca.
O tempo não existe. É apenas uma convenção.
Se pudesse viver novamente, na próxima vida tentaria cometer mais erros.
A vida é pobre demais para não ser também imortal.
O homem está morto. A barba não sabe. Crescem as unhas.
Toda linha reta é o arco de um círculo infinito.
A amizade entre homem e mulher, mesmo que inconscientemente, é sempre um pouco erótica.
Suspeitei uma vez que a única coisa sem mistério é a felicidade, porque se justifica por si só.
A meta é o esquecimento. Eu cheguei antes.
Acho que o escritor deve escrever para a alegria do leitor.
Quem contempla desapaixonadamente, não contempla.
O livro é uma das possibilidades de felicidade de que dispomos.
A velhice poderia ser a suprema solidão, não fosse a morte uma solidão ainda maior.
Ninguém pode escrever um livro. Para que seja verdadeiramente um livro, são necessários a aurora e o poente, séculos, armas e o mar que une e separa.
O tempo é a substância de que sou feito.
Esta é a mão que às vezes tocava tua cabeleira.
O Suicida
Não restará na noite uma só estrela.
Não restará a noite.
Morrerei e comigo irá a soma
Do intolerável universo.
Apagarei medalhas e pirâmides,
Os continentes e os rostos.
Apagarei a acumulação do passado.
Farei da história pó, do pó o pó.
Estou a olhar o último poente.
Oiço o último pássaro.
Lego o nada a ninguém.
Não odeies o teu inimigo, porque, se o fazes, és de algum modo o seu escravo. O teu ódio nunca será melhor do que a tua paz.