Seria incoerente que me opusesse a que um escritor coma do que escreve, o que me parece, isso sim, condenável, é que escreva quando não tem nada para dizer.
Passagens de José Saramago
397 resultadosO nosso defeito é tomar demasiado a sério certas coisas que são sérias, mas que, como se costuma dizer, não são para tanto.
A vida, esta vida que inapelavelmente, pétala a pétala, vai desfolhando o tempo, parece, nestes meus dias, ter parado no bem-me-quer
A História é tão pródiga, tão generosa, que não só nos dá excelentes lições sobre a actualidade de certos acontecidos outrora como também nos lega, para governo nosso, umas quantas palavras, umas quantas frases que, por esta ou aquela razão, viriam a ganhar raízes na memória dos povos.
A única e autêntica liberdade do ser humano é a do espírito, de um espírito não contaminado por crenças irracionais e por superstições talvez poéticas em algum caso, mas que deformam a percepção da realidade e deveriam ofender a razão mais elementar.
Se a ética não governar a razão, a razão desprezará a ética…
Dirão, em som, as coisas que, calados, no silêncio dos olhos confessamos.
Falham os que mandam e falham os que se deixam mandar… São circunstâncias muito complexas as que marcam ou decidem o destino dos homens… Só sei que o mundo precisa de ser mais humano e essa é uma revolução pendente, uma revolução que, além disso, deveria ser pacífica e sem traumas porque seria ditada pelo bom senso.
Momentos de fraqueza na vida qualquer um os poderá ter, e, se hoje passamos sem eles, tenhamo-los por certos amanhã.
Que Humanidade é Esta?
Se o homem não for capaz de organizar a economia mundial de forma a satisfazer as necessidades de uma humanidade que está a morrer de fome e de tudo, que humanidade é esta? Nós, que enchemos a boca com a palavra humanidade, acho que ainda não chegámos a isso, não somos seres humanos. Talvez cheguemos um dia a sê-lo, mas não somos, falta-nos mesmo muito. Temos aí o espectáculo do mundo e é uma coisa arrepiante. Vivemos ao lado de tudo o que é negativo como se não tivesse qualquer importância, a banalização do horror, a banalização da violência, da morte, sobretudo se for a morte dos outros, claro. Tanto nos faz que esteja a morrer gente em Sarajevo, e também não devemos falar desta cidade, porque o mundo é um imenso Sarajevo. E enquanto a consciência das pessoas não despertar isto continuará igual. Porque muito do que se faz, faz-se para nos manter a todos na abulia, na carência de vontade, para diminuir a nossa capacidade de intervenção cívica.
Ao contrário do que realmente se pensa, é nas diferenças onde a História se repete, não nas semelhanças.
Não me Peçam Razões…
Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
Antes do interesse pela escrita, há um outro: o interesse pela leitura. E mal vão as coisas quando só se pensa no primeiro, se antes não se consolidou o gosto pelo segundo. Sem ler ninguém escreve.
Se a preocupação está em ter, ter, ter, uma pessoa cada vez se preocupará menos em ser, ser e ser.
As pessoas transformam-se em máquinas de ganhar dinheiro. Ou de tentar ganhar dinheiro.
Não se Pode Viver Assim!
Temos na natureza muitas coisas contra as quais lutar, mas há um inimigo pior que todos os furacões e terramotos, o próprio ser humano. A natureza com todos os seus vulcões, terramotos, furacões e inundações não causou tantos mortos como a humanidade causou a si própria. Lutas de toda a ordem: guerras religiosas, guerras de interesses materiais, guerras absolutamente absurdas e estúpidas, como as dinásticas.
A felicidade é só estar em paz consigo mesmo, olharmos para nós e recordar que não fizemos muito mal aos outros.
Só se nos detivermos a pensar nas pequenas coisas chegaremos a compreender as grandes.
O tempo pusera-se a contar os dias desde o princípio, agora usando a tábua de multiplicação para tirar o atraso. (…) O tempo, ainda que os relógios queiram convencer-nos do contrário, não é o mesmo para toda gente.
Sente-se uma insatisfação, sobretudo dos jovens, perante um mundo que já não oferece nada, só vende!