O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.
Passagens de Mário Quintana
363 resultadosNo fim a gente acaba descobrindo que até a imaginação tem um teto. E muito baixo até.
Autodidata é um ignorante por conta própria.
A Rua Dos Cataventos – IX – Para Emílio Kemp
É a mesma a ruazinha sossegada.
Com as velhas rondas e as canções de outrora…
E os meus lindos pregões da madrugada
Passam cantando ruazinha em fora!Mas parece que a luz está cansada…
E, não sei como, tudo tem, agora,
Essa tonalidade amarelada
Dos cartazes que o tempo descolora…Sim, desses cartazes ante os quais
Nós às vezes paramos, indecisos…
Mas para quê?… Se não adiantam mais!…Pobres cartazes por aí afora
Que inda anunciam: – Alegrias – Risos
Depois do Circo já ter ido embora!…
Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais: o excesso de gente impede de ver as pessoas…
A saudade da amada criatura é bem melhor do que a presença dela.
O tempo não pára, só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo.
Livros trazem a vantagem de podermos estar sós e acompanhados.
Longe do mundo vão, goza o feliz minuto Que arrebataste às horas distraídas. Maior prazer não é roubar um fruto Mas sim ir saboreá-lo às escondidas.
Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês.
Tudo o que acontece é natural – inclusive o sobrenatural.
Como seriam belas as estátuas equestres se constassem apenas dos cavalos!
Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas.
Da vez primeira em que me assassinaram perdi um jeito de sorrir que tinha… Depois, de cada vez que me mataram, Foram levando qualquer coisa minha.
Se as coisas são inatingíveis, ora! Não é motivo para não querê-las. Que tristes seriam os caminhos se não fora a presença distante das estrelas.
A amizade e um amor que nunca more.
Eu Escrevi um Poema Triste
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Sorri com tranquilidade Quando alguém te calunia. Quem sabe o que não seria Se ele dissesse a verdade…
Se eu pudesse, pegava a dor; colocava a dor dentro de um envelope e devolvia ao remetente
O eterno espanto que haverá com a lua que sempre que a gente a olha é com o súbito espanto da primeira vez?