Passagens de Mário Quintana

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No céu é sempre domingo. E a gente não tem outra coisa a fazer senão ouvir os chatos. E lá é ainda pior que aqui, pois se trata dos chatos de todas as épocas do mundo.

A Rua Dos Cataventos – XXXV

Quando eu morrer e no frescor de lua
Da casa nova me quedar a sós,
Deixa-me em paz na minha quieta rua…
Nada mais quero com nenhum de vós!

Quero é ficar com alguns poemas tortos
Que andei tentando endireitar em vão…
Que lindo a Eternidade, amigos mortos,
Para as torturas lentas da Expressão!…

Eu lavarei comigo as madrugadas,
Pôr de sóis, algum luar, asas em bando,
Mais o rir das primeiras namoradas…

E um dia a morte há de fitar com espanto
Os fios da vida que eu urdi, cantando,
Na orla negra do seu negro manto…

Quantas vezes a gente, em busca da ventura, Procede tal e qual o avozinho infeliz: Em vão, por toda parte, os óculos procura Tendo-os na ponta do nariz!

A Psicanálise? Uma das mais fascinantes modalidades do gênero policial, em que o detetive procura desvendar um crime que o próprio criminoso ignora.

Amizade: quando o silêncio a dois não se torna incômodo. Amor: quando o silêncio a dois se torna cômodo.

Era uma vez duas pulguinhas que passaram a vida inteira economizando e compraram um cachorro só pra elas…

O jeito é: ou nos acostumamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras…

O maior chato é o chato perguntativo. Prefiro o chato discursivo ou narrativo, que se pode ouvir enquanto se pensa noutra coisa.

O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.

A Rua Dos Cataventos – IX – Para Emílio Kemp

É a mesma a ruazinha sossegada.
Com as velhas rondas e as canções de outrora…
E os meus lindos pregões da madrugada
Passam cantando ruazinha em fora!

Mas parece que a luz está cansada…
E, não sei como, tudo tem, agora,
Essa tonalidade amarelada
Dos cartazes que o tempo descolora…

Sim, desses cartazes ante os quais
Nós às vezes paramos, indecisos…
Mas para quê?… Se não adiantam mais!…

Pobres cartazes por aí afora
Que inda anunciam: – Alegrias – Risos
Depois do Circo já ter ido embora!…