Passagens sobre Nascimento

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Frases sobre nascimento, poemas sobre nascimento e outras passagens sobre nascimento para ler e compartilhar. Leia as melhores citaçÔes em Poetris.

SugestĂŁo

Sede assim — qualquer coisa
serena, isenta, fiel.

Flor que se cumpre,
sem pergunta.

Onda que se esforça,
por exercĂ­cio desinteressado.

Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados
e os soldados jĂĄ frios.

Também como este ar da noite:
sussurrante de silĂȘncios,
cheio de nascimentos e pétalas.

Igual Ă  pedra detida,
sustentando seu demorado destino.
E Ă  nuvem, leve e bela,
vivendo de nunca chegar a ser.

À cigarra, queimando-se em mĂșsica,
ao camelo que mastiga sua longa solidĂŁo,
ao pĂĄssaro que procura o fim do mundo,
ao boi que vai com inocĂȘncia para a morte.

Sede assim qualquer coisa
serena, isenta, fiel.

NĂŁo como o resto dos homens.

A Casa do Homem

Imagine uma pessoa que nĂŁo tem lugar. Anda perdido, desorientado. E imagine outra pessoa que Ă© filho de famĂ­lia, tem os pais, os irmĂŁos, a casa. A casa Ă© muito importante. Vai sempre seguro de si porque tem um sĂ­tio de acolhimento se as coisas lhe falharem. Digamos a casa, digamos o lugar, digamos o sĂ­tio. Tal como o Ulisses volta a casa. Ele quer voltar ao recolhimento, Ă  segurança, ao aconchego. O aconchego do ventre da mĂŁe. A casa do homem Ă© o ventre da mĂŁe. Onde ele estĂĄ e nĂŁo precisa de fazer nada, tem tudo. E Ă© feliz. E quando o Ulisses vem moribundo e fala na morte, surge a ideia de tĂșnel que Ă© o nascimento do feto, uma reminiscĂȘncia. Por exemplo, o filme falado termina com o comandante que vĂȘ a casa a destruir-se, porque a casa dele Ă© o navio. Mas hĂĄ o lado Ă©tico: o capitĂŁo deve ser o Ășltimo a deixar o barco, e ele tem um passageiro e nĂŁo pode ir lĂĄ substitui-lo. Este Ă© o grande drama. Ele vĂȘ arruinar todo o sistema, toda a sua vida, que estĂĄ concentrada na sua casa. É essa a tragĂ©dia que o mundo sofre agora.

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AtravĂ©s dos passos alternados de perda e ganho, silĂȘncio e atividade, nascimento e morte, eu trilho o caminho da imortalidade.

A InfluĂȘncia dos Livros e dos Jornais

Os jornais e os livros exercem no nascimento e na propagação das opiniĂ”es uma influĂȘncia imensa, conquanto inferior Ă  dos discursos. Os livros actuam muito menos que os jornais, pois a multidĂŁo nĂŁo os lĂȘ. Alguns foram, contudo, bastante poderosos pela sua influĂȘncia sugestiva para provocar a morte de milhares de homens. Tais sĂŁo as obras de Rousseau, verdadeira bĂ­blia dos chefes do Terror, ou A Cabana do Pai TomĂĄs, que contribuiu muito para a sanguinolenta guerra de secessĂŁo na AmĂ©rica do Norte. Outras obras como Robinson CrusĂłe e os romances de JĂșlio Verne exerceram grande influĂȘncia nas opiniĂ”es da juventude e determinaram muitas carreiras.
Essa força dos livros era, sobretudo, considerĂĄvel quando se lia pouco. A leitura da BĂ­blia no tempo de Cromwel criou na Inglaterra um nĂșmero avultado de fanĂĄticos. Sabe-se que na Ă©poca em que foi escrito Dom Quixote, os romances de cavalaria exerciam uma acção tĂŁo perniciosa em todos os cĂ©rebros que os soberanos espanhĂłis vedaram, finalmente, a venda desses livros.
Hoje, a influĂȘncia dos jornais Ă© muito superior Ă  força dos livros. SĂŁo em nĂșmero incalculĂĄvel as pessoas que tĂȘm unicamente a opiniĂŁo do jornal que elas lĂȘem.

As Leis da ConsciĂȘncia Nascem do HĂĄbito

As leis da consciĂȘncia, que dizemos nascerem naturalmente, nascem do hĂĄbito; toda a pessoa, venerando intimamente as ideias e costumes aprovados e aceites ao seu redor, nĂŁo pode desligar-se deles sem remorso nem se aplicar neles sem aplauso.
(…) Mas o principal efeito do seu poder Ă© apoderar-se de nĂłs e prender-nos nas suas garras de tal forma que mal nos conseguimos libertar do seu jugo e voltar a nĂłs para reflectirmos e raciocinarmos sobre as suas ordens. Na verdade, porque o ingerimos com o leite do nosso nascimento, e porque a face do mundo se apresenta nesse estado ao nosso primeiro olhar, parece que nascemos para seguir esse procedimento. E as ideias comuns que vemos ser respeitadas ao nosso redor e infundidas na nossa alma pela semente dos nossos pais parecem ser as gerais e naturais.
Disso advĂ©m que o que estĂĄ fora dos gonzos do costume, julgamo-lo fora dos gonzos da razĂŁo – Deus sabe quĂŁo desarrazoadamente, quase sempre.