Ăšltimo Porto
Este o paĂs ideal que em sonhos douro;
Aqui o estro das aves me arrebata,
E em flores, cachos e festões, desata
A Natureza o virginal tesouro;Aqui, perpétuo dia ardente e louro
Fulgura; e, na torrente e na cascata,
A água alardeia toda a sua prata,
E os laranjais e o sol todo o seu ouro…Aqui, de rosas e de luz tecida,
Leve mortalha envolva estes destroços
Do extinto amor, que inda me pesam tanto;E a terra, a mĂŁe comum, no fim da vida,
Para a nudeza me cobrir dos ossos,
Rasgue alguns palmos do seu verde manto.
Passagens sobre Nudez
43 resultadosHora Vermelha
Por que vieste, pensamento?
Já me bastava o Mar violento,
Já me bastava o Sol que ardia…
P’los meus sentidos escorria
não sei lá bem que seiva forte
que a carne toda me deixava
qual uma flor ou uma lava
num riso aberto contra a Morte.Já me bastava tudo isto.
Mas tu vieste, pensamento,
e vieste duro, turbulento.
Vieste com formas e com sangue:
erectos seios de mulher,
as carnes rĂłseas como frutos.Boca rasgada num pedido
a que se quer e se nĂŁo quer
dizer que nĂŁo.
Os braços longos estendidos.
A mĂŁo em concha sobre o sexo
que nem a VĂ©nus de Camões.AĂ!, pensamento,
deixa-me a calma da Poesia!
Aqui na praia sĂł com ela,
virgem castĂssima, sincera!…
Sua mĂŁo branca saberia
chamar cordeiro ao Mar violento,
PĂ´r meigo, meigo, o Sol que ardia.
Mas tu vieste, pensamento.
Tua nudez, que me obsidia,
logo, subtil, encheu de alento
velhos desejos recalcados,
beijos mordidos
antes de os ver a luz do Dia.
O Banho
Como demora esse banho.
Envolta em toalhas
ela desfila entre espelhos
embaçados.As lamparinas da nudez
conferem Ă pele
os vários tons da madrugada.