Menino quando morre vira anjo; Mulher vira uma flor no céu; Malandro quando morre vira samba.
Passagens sobre Samba
8 resultadosEu faço samba e amor atĂ© mais tarde E tenho muito mais o que fazer Escuto a correria da cidade, que alarde Será que Ă© tĂŁo difĂcil amanhecer? [in Samba e Amor]
Soneto 529 Extra-Expresso
Mandou aquele abraço para o Rio.
De Sampa enalteceu a Freguesia.
Levou compasso e régua da Bahia.
Em Londres troca o TrĂłpico por frio.Com Jorge, Rita e Marley antevi-o.
Com Berry, Cliff ou Wonder bem veria.
Com ele fez escola a ecologia
e a escola fez o samba em que folio.Veado ou pica-pau, ele os compacta;
metáfora, se abstrata, ele a concreta;
com sĂntese a internet ele retrata.É ágil, presto, esperto, pois poeta;
agĂlimo, da raça expressa a nata;
agudo, mas dulcĂssimo: ultra-esteta!
E quando eu me apaixonei Não passou de ilusão, o seu nome rasguei Fiz um samba canção das mentiras de amor Que aprendi com você
MĂşsica Brasileira
Tens, Ă s vezes, o fogo soberano
Do amor: encerras na cadĂŞncia, acesa
Em requebros e encantos de impureza,
Todo o feitiço do pecado humano.Mas, sobre essa volúpia, erra a tristeza
Dos desertos, das matas e do oceano:
Bárbara poracé, banzo africano,
E soluços de trova portuguesa.És samba e jongo, xiba e fado, cujos
Acordes sĂŁo desejos e orfandades
De selvagens, cativos e marujos:E em nostalgias e paixões consistes,
Lasciva dor, beijo de trĂŞs saudades,
Flor amorosa de três raças tristes.
A Falácia do Sucesso
Abominável coisa Ă© o bom ĂŞxito, seja dito de passagem. A sua falsa parecença com o merecimento ilude os homens. Para o vulgo, o bom sucesso equivale Ă supremacia. A vĂtima dos logros do triunfo, desse menecma da habilidade, Ă© a histĂłria. SĂł Tácito e Juvenal se lhe opõem. Existe na Ă©poca e sente uma filosofia quase oficial, que envergou a librĂ© do bom ĂŞxito e lhe faz o serviço da antecâmara. Fazei por serdes bem sucedido, Ă© a teoria. Prosperidade supõe capacidade. Ganhai na lotaria, sereis um homem hábil. Quem triunfa Ă© venerado. Nascei bem-fadado, nĂŁo queirais mais nada. Tende fortuna, que o resto por si virá; sede feliz, julgar-vos-ĂŁo grande. Se pusermos de parte as cinco ou seis excepções imensas que fazem o esplendor de um sĂ©culo, a admiração contemporânea Ă© apenas miopia. Duradora Ă© ouro. Pouco importa que nĂŁo sejais ninguĂ©m, contanto que consigais alguma coisa.
O vulgo é um narciso velho, que se idolatra a si próprio e aplaude o vulgar. A faculdade sublime de ser Moisés, Esquilo, Dante, Miguel Ângelo ou Napoleão, decreta-a a multidão indistintamente e por unanimidade a quem atinge o alvo que se propôs, seja no que for. Que um tabelião se transforme em deputado;
NecrolĂłgio dos Desiludidos do Amor
Os desiludidos do amor
estĂŁo desfechando tiros no peito.
Do meu quarto ouço a fuzilaria.
As amadas torcem-se de gozo.
Oh quanta matéria para os jornais.Desiludidos mas fotografados,
escreveram cartas explicativas,
tomaram todas as providĂŞncias
para o remorso das amadas.Pum pum pum adeus, enjoada.
Eu vou, tu ficas, mas nos veremos
seja no claro céu ou turvo inferno.Os médicos estão fazendo a autópsia
dos desiludidos que se mataram.
Que grandes corações eles possuĂam.
VĂsceras imensas, tripas sentimentais
e um estĂ´mago cheio de poesia…Agora vamos para o cemitĂ©rio
levar os corpos dos desiludidos
encaixotados competentemente
(paixões de primeira e de segunda classe).Os desiludidos seguem iludidos,
sem coração, sem tripas, sem amor.
Ăšnica fortuna, os seus dentes de ouro
nĂŁo servirĂŁo de lastro financeiro
e cobertos de terra perderĂŁo o brilho
enquanto as amadas dançarão um samba
bravo, violento, sobre a tumba deles.
Aqui na terra tĂŁo jogando futebol Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll Uns dias chove, noutros dias bate sol Mas o que eu quero Ă© lhe dizer que a coisa aqui tá preta