Passagens sobre Ternos

51 resultados
Frases sobre ternos, poemas sobre ternos e outras passagens sobre ternos para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Vingança

“Vingança…”
II
Quero sentir-te nos meus braços presa
e dizer bem baixinho ao teu ouvido,
um segredo de amor terno e sentido
que guardo no meu peito com avareza…

Quero ter afinal plena certeza
deste amor que na vida me tem sido:
o meu sonho mais lindo e mais querido,
a luz de uma esperança, sempre acesa…

Nesta rosa que tens, viva e vermelha
esmigalhada em tua boca – a abelha
do meu beijo algum dia hei de pousar…

Quero unir minha vida Ă  tua vida,
sentir que és minha só, ter-te possuída,
para entĂŁo, sĂł depois, te abandonar!…

NĂŁo me Fales de GlĂłria: Ă© Outro o Altar

NĂŁo me fales de glĂłria: Ă© outro o altar
Onde queimo piedoso o meu incenso,
E animado de fogo mais intenso,
De fé mais viva, vou sacrificar.

A glĂłria! pois que ha n’ela que adorar?
Fumo, que sobre o abysmo anda suspenso…
Que vislumbre nos dá do amor immenso?
Esse amor que ventura faz gosar?

Ha outro mais perfeito, unico eterno,
Farol sobre ondas tormentosas firme,
De immoto brilho, poderoso e terno…

SĂł esse hei-de buscar, e confundir-me
Na essencia do amor puro, sempiterno…
Quero sĂł n’esse fogo consumir-me!

Doce Abismo

Coração, coração! a suavidade,
Toda a doçura do teu nome santo
É como um cálix de falerno e pranto,
De sangue, de luar e de saudade.

Como um beijo de mágoa e de ansiedade,
Como um terno crepĂşsculo d’encanto,
Como uma sombra de celeste manto,
Um soluço subindo a Eternidade.

Como um sudário de Jesus magoado,
Lividamente morto, desolado,
Nas auréolas das flores da amargura.

Coração, coração! onda chorosa,
Sinfonia gemente, dolorosa,
Acerba e melancólica doçura.

N’um Album

É esta vida um mar; e n’este mar
Qual Ă© o astro que nos alumia?
Que norte, estrella ou bussola nos guia?
Um olhar de mulher! um terno olhar!

VII

Versos feitos por mim na mocidade
O mérito só tem sentimento.
Eram, pra assim dizer, um instrumento
Mais que o prazer ecoando-me a saudade.

Pospondo a fantasia sempre Ă  verdade
Melhor encontrei nesta o ornamento
E, no estudo apurando o sentimento,
Quanto tenho a saber disse-me a idade.

É isso o que vos quero eu ensinar,
Amando-vos qual pode um terno avĂ´,
A quem para as suas cĂŁs engrinaldar

Melhor sĂł poderia o que eu vou
Em carĂ­cias tĂŁo vossas procurar,
Sentindo que de vĂłs inda mais sou.

A Grande Dor Das Cousas Que Passaram

A grande dor das cousas que passaram
transmutou-se em finĂ­ssimo prazer
quando, entre fotos mil que se esgarçavam,
tive a fortuna e graça de te ver.

Os beijos e amavios que se amavam,
descuidados de teu e meu querer,
outra vez reflorindo, esvoaçaram
em orvalhada luz de amanhecer.

Ă“ bendito passado que era atroz,
e gozoso hoje terno se apresenta
e faz vibrar de novo minha voz

para exaltar o redivivo amor
que de memĂłria-imagem se alimenta
e em doçura converte o próprio horror!

Coda

Inútil escapar. A presença perdura.
Desde que sinto chĂŁo
ou de verde
ou de pedra

Ă© teu rastro que encontro e encontro em ti meu chĂŁo.

E quando te pressinto
o de verde Ă© mais terno
e o de mais dura pedra
um sensível durâmen.

Tu que arrancas até da rocha viva o sangue,
tu que vens pela foz destes veios de eu te amo:
— Em que século, amor, nossas almas se fundem?
Em que terra?

Através de que mar? Ah que céu
velho céu já chorou por nós — perdidos cúmulos —
guaiando em nosso mundo impossĂ­veis azuis?
E desde quando o amor se abriu aos nossos olhos?
De que abrolhos e sal de amar nos marejou?

Em meu solo és madeiro
e nave
e asa que sonha.
Em todo canto te acho e onde Ă© teu canto eu sou.

A Função do Amor é Fabricar Desconhecimento

a função do amor é fabricar desconhecimento

(o conhecido nĂŁo tem desejo;mas todo o amor Ă© desejar)
embora se viva Ă s avessas,o idĂŞntico sufoque o uno
a verdade se confunda com o facto,os peixes se gabem de pescar

e os homens sejam apanhados pelos vermes(o amor pode nĂŁo se
importar
se o tempo troteia,a luz declina,os limites vergam
nem se maravilhar se um pensamento pesa como uma estrela
—o medo tem morte menor;e viverá menos quando a morte acabar)

que afortunados sĂŁo os amantes(cujos seres se submetem
ao que esteja para ser descoberto)
cujo ignorante cada respirar se atreve a esconder
mais do que a mais fabulosa sabedoria teme ver

(que riem e choram)que sonham,criam e matam
enquanto o todo se move;e cada parte permanece quieta:
pode nĂŁo ser sempre assim;e eu digo
que se os teus lábios,que amei,tocarem
os de outro,e os teus ternos fortes dedos aprisionarem
o seu coração,como o meu não há muito tempo;
se no rosto de outro o teu doce cabelo repousar
naquele silêncio que conheço,ou naquelas
grandiosas contorcidas palavras que,dizendo demasiado,

Continue lendo…

LXIX

Se Ă  memĂłria trouxeres algum dia,
BelĂ­ssima tirana, Ă­dolo amado,
Os ternos ais, o pranto magoado,
Com que por ti de amor Alfeu gemia;

Confunda-te a soberba tirania,
O Ăłdio injusto, o violento desagrado,
Com que atrás de teu olhos arrastado
Teu ingrato rigor o conduzia.

E já que enfim tão mísero o fizeste,
Vê-lo-ás, cruel, em prêmio de adorar-te,
Vê-lo-ás, cruel, morrer; que assim quiseste.

Dirás, lisonjeando a dor em parte:
Fui-te ingrata, pastor; por mim morreste;
Triste remédio a quem não pode amar-te!

Amor e Eternidade

Repara, doce amiga, olha esta lousa,
E junto aquella que lhe fica unida:
Aqui d’um terno amor, aqui repousa
O despojo mortal, sem luz, sem vida.
Esgotando talvez o fel da sorte,
Poderam ambos descançar tranquillos;
Amaram-se na vida, e inda na morte
NĂŁo pĂ´de a fria tumba desunil-os.
Oh! quão saudosa a viração murmura
No cypreste virente
Que lhes protege as urnas funerárias!
E o sol, ao descahir lá no occidente,
QuĂŁo bello lhes fulgura
Nas campas solitárias!
Assim, anjo adorado, assim um dia
De nossas vidas murcharĂŁo flores…
Assim ao menos sob a campa fria
Se reunam também nossos amores!
Mas que vejo! estremeces, e teu rosto,
Teu bello rosto no meu seio inclinas,
Pallido como o lĂ­rio que ao sol posto
Desmaia nas campinas?
Oh? vem, nĂŁo perturbemos a ventura
Do coração, que jubiloso anceia…
Vem, gosemos da vida em quanto dura;
Desterremos da morte a negra ideia!
Longe, longe de nós essa lembrança!
Mas nĂŁo receies o funesto corte…
Doce amiga, descança:
Quem ama como nĂłs, sorri Ă  morte.

Continue lendo…

Meus Olhos, Atentai no Meu Jazigo

Meus olhos, atentai no meu jazigo,
Que o momento da morte está chegado;
Lá soa o corvo, intérprete do fado;
Bem o entendo, bem sei, fala comigo:

Triunfa, Amor, gloria-te, inimigo;
E tu, que vĂŞs com dor meu duro estado,
Volve à terra o cadáver macerado,
O despojo mortal do triste amigo:

Na campa, que o cobrir, piedoso Albano,
Ministra aos corações, que Amor flagela,
Terror, piedade, aviso, e desengano:

Abre em meu nome este epitáfio nela:
“Eu fui, ternos mortais, o terno Elmano;
Morri de ingratidões, matou-me Isabela.”

A Luz do Teu Amor

Oh! Sim que és linda! a inocência
Em tua fronte serena
Com tal doçura reluz!…
Tanta e tanta… que a açucena
TĂŁo esplĂŞndida a existĂŞncia
NĂŁo lha doura assim Ă  luz!
Oh! que Ă©s linda, e mais… e mais
Quando um traço melancólico
Te diviso no semblante
Nos teus olhos virginais!
Que doçura não existe
Ai! Ăł virgem, nesse instante
Na poética beleza
Desse traço de tristeza
Que te vem tornar mais bela
Mal em teu rosto pousou!
E eu te quero assim, Ăł estrela,
Que se inspira em mim a crença
Triste… triste, que Ă©s mais linda,
Mas dessa beleza infinda
Das ficções da renascença
Que a poesia perfumou!

Fita agora os olhos lânguidos
Na estrela que te ilumina,
Eu nĂŁo sei que luz divina
De amor nos fala em teu rosto!
Eu nĂŁo sei, nem tu… ninguĂ©m!…
Que a vaga luz do sol posto,
Que a palidez da cecém,
Que a meiguice dos amores,
E que o perfume das flores
NĂŁo respiram a harmonia
Desse toque leve…

Continue lendo…

No caminho, um táxi passou a toda velocidade, determinado, numa poça d’água e encharcou seu terno. Nem se abalou. Continuou andando no mesmo ritmo, olhos voltados para a calçada como que procurando uma solução. Sem dinheiro para se manter, teria que voltar em muito breve para o Brasil…

Tudo Esqueço

Tudo posso esquecer em minha vida
inquieta e livre como uma enxurrada:
– a ilusĂŁo, num segundo, mais querida…
– a mulher, num segundo, mais amada…

a visĂŁo de algum trecho azul da estrada
entre ternos carinhos percorrida;
– uma histĂłria que um dia interrompida
nunca mais afinal foi terminada!

Os desejos… os sonhos… os amores…
que julgo eternos, e que por enquanto
despetalam-se e morrem como flores…

Esqueço tudo! O que passou, morreu!
SĂł nĂŁo consigo me esquecer no entanto
da primeira mulher que me esqueceu…

Eu Cantarei um Dia da Tristeza

Eu cantarei um dia da tristeza
por uns termos tĂŁo ternos e saudosos,
que deixem aos alegres invejosos
de chorarem o mal que lhes nĂŁo pesa.

Abrandarei das penhas a dureza,
exalando suspiros tĂŁo queixosos,
que jamais os rochedos cavernosos
os repitam da mesma natureza.

Serras, penhascos, troncos, arvoredos,
ave, ponte, montanha, flor, corrente,
comigo hĂŁo-de chorar de amor enredos.

Mas ah! que adoro uma alma que nĂŁo sente!
Guarda, Amor, os teus pérfidos segredos,
que eu derramo os meus ais inutilmente.

Noivado

Os namorados ternos suspiravam,
Quando há de ser o venturoso dia?!
Quando há de ser!? O noivo então dizia
E a noiva e ambos d’amores s’embriagavam.

E a mesma frase o noivo repetia;
Fora no campo pássaros trinavam,
Quando há de ser!? E os pássaros falavam;
Há de chegar, a brisa respondia.

Vinha rompendo a aurora majestosa,
Dos rouxinĂłis ao sonoroso harpejo
E a luz do sol vibrava esplendorosa.

Chegara enfim o dia desejado,
Ambos unidos soluçara um beijo,
Era o supremo beijo de noivado!

A Senhora de Brabante

Tem um leque de plumas gloriosas,
na sua mĂŁo macia e cintilante,
de anéis de pedras finas preciosas
a Senhora Duquesa de Brabante.

Numa cadeira de espaldar dourado,
Escuta os galanteios dos barões.
— É noite: e, sob o azul morno e calado,
concebem os jasmins e os corações.

Recorda o senhor Bispo acções passadas.
Falam damas de jĂłias e cetins.
Tratam barões de festas e caçadas
à moda goda: — aos toques dos clarins!

Mas a Duquesa é triste. — Oculta mágoa
vela seu rosto de um solene véu.
— Ao luar, sobre os tanques chora a água…
— Cantando, os rouxinĂłis lembram o cĂ©u…

Dizem as lendas que SatĂŁ vestido
de uma armadura feita de um brilhante,
ousou falar do seu amor florido
Ă  Senhora Duquesa de Brabante.

Dizem que o ouviram ao luar nas águas,
mais louro do que o sol, marmĂłreo, e lindo,
tirar de uma viola estranhas mágoas,
pelas noites que os cravos vĂŞm abrindo…

Dizem mais que na seda das varetas
do seu leque ducal de mil matizes…

Continue lendo…

O Nosso Mundo

Eu bebo a Vida, a Vida, a longos tragos
Como um divino vinho de Falerno!
Pousando em ti o meu olhar eterno
Como pousam as folhas sobre os lagos…

Os meus sonhos agora sĂŁo mais vagos…
O teu olhar em mim, hoje, Ă© mais terno…
E a Vida já não é o rubro inferno
Todo fantasmas tristes e pressagos!

A Vida, meu Amor, quero vivĂŞ-la!
Na mesma taça erguida em tuas mãos,
Bocas unidas, hemos de bebĂŞ-la!

Que importa o mundo e as ilusões defuntas?…
Que importa o mundo e seus orgulhos vĂŁos?…
O mundo, Amor! … As nossas bocas juntas!…