Leia, Ouça, Veja, mas sobretudo, Pense
Se grandes invenções ou descobertas, como o fogo, a roda ou a alavanca, se fizeram antes que o homem fosse, historicamente, capaz de escrever, tambĂ©m se põe como fora de dĂşvida que mais rapidamente se avançou quando foi possĂvel fixar inteligĂŞncia em escrita, quando o saber se pĂ´de transmitir com maior fidelidade do que oralmente, quando biblioteca, em qualquer forma, foi testamento do passado e base de arranque para o futuro. A livro se veio juntar arquivo, para o que mais ligeiro se afigurava; e fora de bibliotecas ou arquivos ficaram os milhões de páginas de discorrer ou emoção humana que mais ligeiras pareceram ainda, ou menos duradouras. Escrevendo ou lendo nos unimos para alĂ©m do tempo e do espaço, e os limitados braços se põem a abraçar o mundo; a riqueza de outros nos enriquece a nĂłs. Leia.
Milhões de homens, porĂ©m, no mundo actual estĂŁo incapacitados de escrever e de ler, muito menos porque faltam mĂ©todos e meios do que incitamento que os levante acima do seu tĂŁo difĂcil quotidiano e vontade de quem mais pode de que seus reais irmĂŁos mais dependam de si prĂłprios do que de exteriores e quase sempre enganadoras salvações. Mais se comunica falando do que de qualquer outra forma;
Textos sobre HistĂłria de Agostinho da Silva
3 resultadosA Força da Vontade
Tudo vence uma vontade obstinada, todos os obstáculos abate o homem que integrou na sua vida o fim a atingir e que está disposto a todos os sacrifĂcios para cumprir a missĂŁo que a si prĂłprio se impĂ´s. Atento ao mundo exterior, para que nĂŁo falte nenhuma oportunidade de pĂ´r em prática o pensamento que o anima, nĂŁo deixa que ele o distraia da tensĂŁo interna que lhe há-de dar a vitĂłria; tem os dotes do polĂtico e os dotes do artista, quer modelar o mundo segundo o esquema que ideou. NĂŁo se trata, claro, de um triunfo pessoal; em histĂłria da cultura nĂŁo há triunfos pessoais; ou a vontade Ă© pura e generosa, nitidamente orientada ao bem geral, ou mais cedo, mais tarde, se há-de quebrar contra vontades de progresso mais fortes que ela. Que o querer tenha sua origem e seu apoio em coração aberto Ă nobreza, Ă beleza e Ă justiça; de outro modo Ă© apenas gume fino e duro de faca; por isso mesmo frágil, na sua aparente penetração e resistĂŞncia. Vontade inteligente, e nĂŁo manhosa, altruĂsta, e nĂŁo virada ao sujeito, pedagĂłgica, e nĂŁo sedenta de domĂnio; a esta pertencem os sĂ©culos por vir: Ă© a voz a que surgem;
A Necessidade dos Chefes
De todos os hábitos a que nos entregamos, um reina sobre todos os outros no que se refere a malefĂcios quanto ao mundo futuro. ĂŠ o hábito de ter chefes. O medo das responsabilidades, o gosto de se encostar aos outros, o jeito mais fácil de nĂŁo ter que decidir os caminhos fizeram que a cada instante lancemos os olhos Ă nossa volta em busca do sinal que nos sirva de guia. Quando surge uma dificuldade de carácter colectivo, a primeira ideia Ă© a de que devia surgir um homem que tomasse sobre os seus ombros o áspero martĂrio de ser chefe. Pois bem: pode ser que isto tenha trazido grandes benefĂcios em outras crises da HistĂłria; nem vale por outro lado a pena saber o que teria sido a dita HistĂłria se outras se tivessem apresentado as circunstâncias. Mas, na presente, a verdadeira salvação sĂł virá no dia em que cada homem se convencer de que tem que ser ele o seu chefe. Ou, dentro dele, Deus.