Somos a Resposta que Damos ao que Nos Acontece
Somos frágeis. A vida é dura. Não somos o que nos acontece.
Há pesos que não podemos rejeitar. Toda a revolta seria tão ilusória quanto inútil. Mas não devemos ficar pela simples resignação, é preciso que assumamos esses pesos e os queiramos levar de vencidos. Que escolhamos ser quem somos, apesar deles. Com eles. Neles.
Somos a resposta que damos ao que nos acontece.
Temos de aceitar a indiferença e a incompreensão dos outros. As dúvidas e as contradições do mundo são um peso acrescido, que devemos carregar junto às nossas próprias dores, falhas e fraquezas.
Depois, há ainda os pesos que os outros nĂŁo podem, ou nĂŁo querem, levar…
Os males pesam, sempre. Sejam os meus, os do mundo ou os dos que amo… há que aceitá-los primeiro, para lhes fazer frente depois.
É essencial aceitar a fraqueza das nossas forças. A impermanência de tudo o que temos. A fragilidade do que somos.
Por vezes, a cruz Ă© o caminho.
É na dor que o verdadeiro amor se manifesta.
Tenho de me negar a mim mesmo se quero amar o outro.
Textos sobre Lados de JosĂ© LuĂs Nunes Martins
3 resultadosNáufragos que Navegam Tempestades
As tempestades sĂŁo sempre perĂodos longos. Poucas pessoas gostam de falar destes momentos em que a vida se faz fria e anoitece, preferem histĂłrias de praias divertidas Ă s das profundas tragĂ©dias de tantos naufrágios que sĂŁo, afinal, os verdadeiros pilares da nossa existĂŞncia.
Gente vazia tende a pensar em quem sofre como fraco… quando fracos sĂŁo os que evitam a qualquer custo mares revoltos, tempestades em que qualquer um se sente minĂşsculo, mas sĂł os que nĂŁo prestam o sĂŁo verdadeiramente. Para a gente de coração pequeno, qualquer dor Ă© grande. Os homens e mulheres que assumem o seu destino sabem que, mais cedo ou mais tarde, morrerĂŁo, mas há ainda uma decisĂŁo que lhes cabe: desviver a fugir ou morrer sofrendo para diante.
Da morte saĂmos, para a morte caminhamos. O que por aqui sofremos pode bem ser a forma que temos de nos aproximarmos do coração da verdade.Haverá sempre quem seja mestre de conversas e valente piloto de naus alheias, os que sabem sempre tudo, principalmente o que Ă© (d)a vida do outro, e mais especificamente se estiver a passar um mau bocado. Logo se apressam a dizer que depois da tempestade vem a bonança,
Preciso de Ti para Ser Eu
Ser quem sou passa por ser capaz de criar ligações ao outro, com o outro e para o outro. SĂł há pessoas porque há relações. A minha existĂŞncia Ă© constituĂda pelos caminhos que sonho, construo e percorro, ao lado de outras pessoas que, como eu, sonham, constroem e percorrem os seus caminhos. Vontades distintas, dinâmica comum. Seguimos, cada um pelos seus princĂpios, cada um para os seus fins.
O amor leva o ser do seu autor ao ser do que é amado. Amar é ser e ser é amar. Partilhar-se com o outro e com o mundo, num milagre de multiplicação em que quanto mais se dá, mais se tem para dar, mais se é.
Um pequeno erro na base leva a potenciais tragĂ©dias nas conclusões. Há quem parta do princĂpio que o amor Ă© recĂproco. Ora, essa ideia simples acaba por ser origem de enormes tragĂ©dias pessoais. O amor nĂŁo Ă© recĂproco, Ă© pessoal, nasce no mais Ăntimo da nossa identidade. NĂŁo Ă© metade de nada, Ă© um todo. Precisa do outro como fim, nĂŁo como princĂpio.
O amor é bondade generosa. É dar o bem. Dar-se. Conseguir ser fonte de amor é o maior dos bens que se pode alcançar.