Passagens sobre Uso

219 resultados
Frases sobre uso, poemas sobre uso e outras passagens sobre uso para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Saber Estar em Sociedade

O homem que não tem mais do que o próprio valor necessita de ser excelente em grande número de virtudes, tal como a pedra que não é preciosa necessita de ser revestida de metal; mas comummente acontece com a reputação o mesmo que com o lucro, se é verdadeiro o provérbio que diz: que com leves ganhos se fazem pesadas bolsas, porque estes são frequentes, enquanto os grandes só chegam de vez em quando; assim, também é verdade que pequenas coisas ganham grande recomendação, porque são de uso e de observação corrente, enquanto a ocasião de manifestar grandes virtudes só é dada nos dias-santos. Para adquirir boas maneiras basta apenas não as desdenhar, porque, habituando-nos a observá-las nos outros, deixamos confiadamente operar em nós a imitação; pois se cuidarmos de as exprimir, perdem logo a sua graça, a qual é serem naturais e desafectadas. O comportamento de cada homem deve ser como um verso, no qual todas as sílabas são medidas. Como pode um homem ocupar-se de grandes assuntos, se quebra demasiado o seu espírito com mesquinhas observações? Não usar completamente de cerimónias é ensinar aos outros que não as usem também, e assim diminuir o respeito próprio; especialmente, não devem ser omitidas perante estrangeiros e pessoas desconhecidas.

Continue lendo…

Da Índole dos Homens

A índole é, muitas vezes, ocultada; outras, subjugada; quase nunca extinta. A força faz a índole mais violenta, em represália; a doutrina e o discurso tornam-a menos importuna; somente o costume alcança alterá-la e refreá-la. Àquele que busca vencer a sua própria índole não se deve propor tarefas nem muito grandes nem muito pequenas; as primeiras tornar-le-ão desalentado ante os sucessivos fracassos; as outras, devido às repetidas vitórias, tornar-le-ão convencido. A princípio, deve-se adestrar com auxílios, como o fazem os nadadores com bexigas ou cortiças; mas ao cabo de certo tempo, é mister se adestre com desvantagens, como os dançarinos com sapatos pesados. Chega-se a grande perfeição quando a prática é mais árdua do que o uso. Quando a índole é pujante e, por consequência, difícil de vencer, o primeiro passo será resistir-lhe e deter-lhe os ímpetos a tempo, a exemplo daquele que, quando estava irado, repetia as vinte e quatro letras do alfabeto; em seguida, racioná-la em quantidade, como o que, proibido de beber vinho, passou dos repetidos brindes a um trago nas refeições; por fim, anulá-la de todo.
Não erra o antigo preceito em recomendar que, para endireitar a índole, se a encurve até ao extremo contrário,

Continue lendo…

A modéstia, quando é excessiva e se aproxima do acanhamento, ao qual no mundo se chama falta de uso – pode ser num homem quase defeito inteiro. Na mulher é sempre virtude, realce de beleza às formosas, disfarce de fealdade às que o não são.

Temo, Lídia, o Destino. Nada é Certo

Temo, Lídia, o destino. Nada é certo.
Em qualquer hora pode suceder-nos
O que nos tudo mude.

Fora do conhecido é estranho o passo
Que próprio damos. Graves numes guardam
As lindas do que é uso.

Não somos deuses; cegos, receemos,
E a parca dada vida anteponhamos
À novidade, abismo.

A Terra protesta pelo mal que lhe causamos, por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus pôs nela. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência que existe no coração humano ferido pelo pecado manifesta-se nos sintomas de doença que verificamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos.

Sou o Pedro Chagas Freitas e fabrico ideias. Esbofeteiem-me. Sou o Pedro Chagas Freitas e não há um dia só que passe sem inventar algo de novo. Pode ser um texto, uma construção frásica, um uso radical de um sinal de pontuação. Ou então um jogo para crianças, um conceito de programa de televisão, um livro que é tão especial que nem ordem tem. Eu sou o Pedro Chagas Freitas e sou um idiota: eis tudo. Antes um idiota ostracizado do que um génio domesticado.

Criminosos são uma pequena minoria em qualquer época ou país. E o dano que eles causaram à humanidade é infinitesimal quando comparado com os horrores – o derramamento de sangue, as guerras, as perseguisões, a fome, as escravizações, as destruições em grande escala – perpetradas pelos governos da humanidade. Potencialmente, o governo é a mais perigosa ameaça aos direitos do homem: ele mantem o monopólio do uso de força física contra vítimas legalmente desarmadas. Quando irrestrito e ilimitado pelos direitos individuais, um governo é o mais mortal inimigo do homem.

O direito constitucional brasileiro aboliu a pena de morte e a democracia do revólver avocou-a para o seu uso.

A atitude artística se distingue da atitude prática do desejo no sentido de que a arte deixa subsistir seu objeto em liberdade total, enquanto o desejo emprega seu objeto para seu próprio uso, destruindo-o.

O dever do escritor para com a língua é recriá-la, salvando-a dos processos de banalização que o uso comum vai estabelecendo.

É um absurdo afirmar que um homem deve ter vergonha de ser incapaz de defender-se com seus membros, mas não de ser incapaz de defender-se com o discurso e razão, quando o uso da razão é mais característico de um ser humano do que o uso de seus membros.

As Coisas Efémeras são as Mais Necessárias

Das coisas tangíveis, as menos duráveis são as necessárias ao próprio processo da vida. O seu consumo mal sobrevive ao acto da sua produção; no dizer de Locke, todas essas «boas coisas» que são «realmente úteis à vida do homem», à «necessidade de subsistir», são «geralmente de curta duração, de tal modo que – se não forem consumidas pelo uso – se deteriorarão e perecerão por si mesmas».
Após breve permanência neste mundo, retomam ao processo natural que as produziu, seja através de absorção no processo vital do animal humano, seja através da decomposição; e, sob a forma que lhes dá o homem, através da qual adquirem um lugar efémero no mundo das coisas feitas pelas mãos do homem, desaparecem mais rapidamente que qualquer outra parcela do mundo.

Eu não Sou de Ferro

Nize, eu não sou de ferro, e atenuado,
Ainda que o fora, o uso me teria;
Porque enfim do trabalho na porfia
Se consome o metal mais obstinado.

Instrumento não há tão reforçado,
Que resista do tempo à bataria:
Gasta o martelo a safra, e a terra fria
Pouco a pouco consome o curvo arado.

Tudo assim é: o amor o mais ardente,
No contínuo incêndio se evapora;
E o mesmo me acontece ultimamente.

Outro procura pois; e te melhora
De amante, ou mais afouto, ou mais valente;
Que eu já não posso mais; fica-te embora.

A um Amigo

Fiel ao costume antigo,
Trago ao meu jovem amigo
Versos próprios deste dia.
E que de os ver tão singelos,
Tão simples como eu, não ria:
Qualquer os fará mais belos,
Ninguém tão d’alma os faria.

Que sobre a flor de seus anos
Soprem tarde os desenganos;
Que em torno os bafeje amor,
Amor da esposa querida,
Prolongando a doce vida
Fruto que suceda à flor.

Recebe este voto, amigo,
Que eu, fiel ao uso antigo,
Quis trazer-te neste dia
Em poucos versos singelos.
Qualquer os fará mais belos,
Ninguém tão d’alma os faria.

Fosse Eu Apenas, Não Sei Onde Ou Como

Fosse eu apenas, não sei onde ou como,
Uma coisa existente sem viver,
Noite de Vida sem amanhecer
Entre as sirtes do meu dourado assomo….

Fada maliciosa ou incerto gnomo
Fadado houvesse de não pertencer
Meu intuito gloríola com Ter
A árvore do meu uso o único pomo…

Fosse eu uma metáfora somente
Escrita nalgum livro insubsistente
Dum poeta antigo, de alma em outras gamas,

Mas doente, e , num crepúsculo de espadas,
Morrendo entre bandeiras desfraldadas
Na última tarde de um império em chamas…

Solemnia Verba

Disse ao meu coração: Olha por quantos
Caminhos vãos andámos! Considera
Agora, desta altura, fria e austera,
Os ermos que regaram nossos prantos…

Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!
E a noite, onde foi luz a Primavera!
Olha a teus pés o mundo e desespera,
Semeador de sombras e quebrantos!

Porém o coração, feito valente
Na escola da tortura repetida,
E no uso do pensar tornado crente,

Respondeu: Desta altura vejo o Amor!
Viver não foi em vão, se isto é vida,
Nem foi demais o desengano e a dor.

Acendimento

Seria bom sentir no quarto qualquer música
enquanto nos banham os perfis ateados
pelo aroma da tília, sem voz, em abandono.
A entrada por detrás das ruas principais
onde a morrinha parece que nem molha
e se chega perdido onde se vai.
Não, não é só um beijo que te quero dar.

Quantas vezes nesta hora de desvalimento
vejo orion e as plêiades devagar no céu de inverno.
Mas hoje
com a calma inesperada de chuvas que não cessam
acordo já depois. Caí numa hibernação que não norteia
o desequilíbrio do sentimento.

Espelhos sem paz tocam-nos no rosto.
Na cega mancha de roupagem aconchego
cada intempérie com sua mentira
e depois sigo pela torrente, pelo enredo
dos outeiros, cada espelho continua
a caução pacificadora do engano.
É isso que te levo, isso que me dás
quando dizes, já sem o dizeres, eu amo-te.

Pela berma da humidade cerrada
um risco de mercúrio trespassa.
Na gravilha passos que não há
esmagam a música que ninguém escuta.
Sabiam de cor tudo o que falhava,

Continue lendo…