A Palavra
Já não quero dicionários
consultados em vão.
Quero só a palavra
que nunca estará neles
nem se pode inventar.Que resumiria o mundo
e o substituiria.
Mais sol do que o sol,
dentro da qual vivêssemos
todos em comunhão,
mudos,
saboreando-a.
Passagens de Carlos Drummond de Andrade
1088 resultadosA lei estabelecida para dirimir o primeiro conflito foi interpretada de duas maneiras, e gerou novo conflito.
Dói reconhecer que, chegado certo momento, até nossos mortos nos esqueceram.
Desejo a você, Fruto do mato, Cheiro de jardim, Namoro no portão, Domingo sem chuva, Segunda sem mau humor e Sábado com seu amor!
Os namorados nada sabem do casamento e, casados, esquecem o namoro.
O Sol está a nosso serviço, porém não nos obedece.
A virgindade interessa menos depois que deixou de ser dote.
Os velhos abstêm-se de utilizar sua experiência, preferindo recomendá-la aos novos.
Novidade em literatura costuma surgir envolta em naftalina.
As igrejas fecham um dia por semana para varredura dos pecados.
Não podemos sofrer mais do que o tolerado pela capacidade humana, o que exclui a possibilidade de recorde.
A consciência profissional do palhaço impede-lhe achar graça no que faz.
O artista plástico violenta a realidade para melhor ou para pior; é um terrorista bem ou mal sucedido.
Tu? Eu?
Não morres satisfeito.
A vida te viveu
sem que vivesses nela.
E não te convenceu
nem deu qualquer motivo
para haver o ser vivo.A vida te venceu
em luta desigual.
Era todo o passado
presente presidente
na polpa do futuro
acuando-te no beco.
Se morres derrotado,
não morres conformado.Nem morres informado
dos termos da sentença
de tua morte, lida
antes de redigida.
Deram-te um defensor
cego surdo estrangeiro
que ora metia medo
ora extorquia amor.Nem sabes se és culpado
de não ter culpa. Sabes
que morres todo o tempo
no ensaiar errado
que vai a cada instante
desensinando a morte
quanto mais a soletras,
sem que, nascido, more
onde, vivendo, morres.Não morres satisfeito
de trocar tua morte
por outra mais (?) perfeita.
Não aceitas teu
como aceitaste os muitos
fins em volta de ti.Testemunhaste a morte
no privilégio de ouro
de a sentires em vida
através de um aquário.
Eras tu que morrias
nesse,
Não preciso de dez mandamentos para viver, me basta só um: não interferir na vida dos outros.
O poema jamais alcançará a sublimidade do silêncio total.
Certas espécies de vegetal, para florescerem, pedem esquecimentos em vez de carinho.
A dor moral pode ser ilusão que dói como se fosse verdadeira.
A violência não prova nada, mas é que ela não quer mesmo provar nada.
É o esqueleto, e não o corpo, que detém a essência da beleza.