Nesta minha nova covardia – a covardia é o que de mais novo já me aconteceu,é a minha maior aventura,essa minha covardia é um campo tão amplo que só a grande coragem me leva a aceitá-la.
Passagens de Clarice Lispector
1250 resultadosAté criar a verdade do que me aconteceu. Ah, será mais um grafismo que uma escrita, pois tento mais uma reprodução do que uma expressão.
Minhas intuições se tornam mais claras ao esforço de transpô-las para palavras.
E não caminharei de pensamento a pensamento, mas de atitude a atitude.
Não me manipule, nasci pra viver livre…
Não estava abatida de chorar. E sua tristeza era um cansaço grande, pesado, sem raiva.
O mundo não tem ordem visível e eu só tenho a ordem da respiração. Deixo-me acontecer.
Habituar-se à felicidade seria um perigo. Ficaríamos mais egoístas, porque as pessoas felizes o são, menos sensíveis à dor humana, não sentiríamos a necessidade de procurar ajudar os que precisam – tudo por termos na graça a compensação e o resumo da vida.
O medo agora é que meu novo modo não faça sentido? mas por que não me deixo guiar pelo que for acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade.
Fique de vez em quando sozinho, senão você será submergido. Até o amor excessivo dos outros pode submergir uma pessoa.
Até onde posso vou deixando o melhor de mim… Se alguém não viu, foi porque não me sentiu com o coração.
Nós, os macacos de nós mesmos, nós, os macacos que idealizaram tornar-se homens, e esta é também a nossa grandeza. Nunca atingiremos em nós o ser humano: a busca e o esforço serão permanentes. E quem atinge o quase impossível estágio de Ser Humano, é justo que seja santificado. Porque desistir de nossa animalidade é um sacrifício.
Sou o abismo perdido entre o não-ser e a escuridão. Sou o desejo e alma, correndo nua na meia-noite esquecida, procurando aquilo que não é, mas pode vir a ser; o verdadeiro anseio, a paixão.
Gastar a vida é usá-la ou não usá-la?
Não se compreende música. Ouve-se. Ouça-me com teu corpo inteiro.
Se eu errar que seja por muito, por amar demais, por me entregar demais, por ter tentado ser feliz demais.
Basta silenciar para só enxergar, abaixo de todas as realidades, a única irredutível, a da existência.
Perder também e o caminho.
Quem tem piedade de nós? Somos uns abandonados? Uns entregues ao desespero? Não, tem que haver um consolo possível. Juro: tem que haver.
Eu sou tímida e ousada ao mesmo tempo.