O Paradoxo da Verdade
O homem deseja e odeia a verdade. Quer mentir aos outros – quer que o enganem (prefere a ficção à realidade), mas por outro lado receia o engano, quer o fundo das coisas, o verdadeiro verdadeiro, etc.
Somente a razão conduz à verdade. Mas só os fanáticos, os visionários e os iluminados fazem as coisas grandiosas, mudanças, descobertas. A verdade, de tanto se tornar necessária, conduz à secura, à dúvida, à inércia – à morte.
É muito natual que os homens odeiem aqueles que dizem ou tentam dizer a verdade. A verdade é triste (dizia Renan) – mas, com maior frequência, é horrível, temível, anti-social. Destrói as ilusões, os afectos. Os homens defendem-se como podem. Isto é, defendem a sua pequena vida, apenas suportável à força de compromissos, de embustes, de ficções, etc. Não querem sofrer, não querem ser heróis. Rejeição do heroísmo-mentira.
Passagens sobre Compromisso
67 resultadosO amor é um compromisso com a verdadeira felicidade do outro. Alguém que ama só pode estar contente se aqueles a quem ama também o estiverem.
Vertigem Civilizacional Desumana
O homem não pode manter-se humano a esta velocidade, se viver como um autómato será aniquilado. A serenidade, uma certa lentidão, é tão inseparável da vida do homem como a sucessão das estações é inseparável das plantas, ou do nascimento das crianças. Estamos no caminho mas não a caminhar, estamos num veículo sobre o qual nos movemos incessantemente, como uma grande jangada ou como essas cidades satélites que dizem que haverá. E ninguém anda a passo de homem, por acaso algum de nós caminha devagar? Mas a vertigem não está só no exterior, assimilá-mo-la na nossa mente que não pára de emitir imagens, como se também fizesse zapping; talvez a aceleração tenha chegado ao coração que já lateja num compasso de urgência para que tudo passe rapidamente e não permaneça. Este destino comum é a grande oportunidade, mas quem se atreve a saltar para fora? Já nem sequer sabemos rezar porque perdemos o silêncio e também o grito.
Na vertigem tudo é temível e desaparece o diálogo entre as pessoas. O que nos dizemos são mais números do que palavras, contém mais informação do que novidade. A perda do diálogo afoga o compromisso que nasce entre as pessoas e que pode fazer do próprio medo um dinamismo que o vença e que lhes outurgue uma maior liberdade.
A Felicidade Vem do Compromisso
A felicidade vem do compromisso. Alguns pensam que não, que uma pessoa mais solta, sem ligações nem obrigações, é mais feliz! Será? Ela faz o que lhe apetece e não o que quer. Fica escrava das ondas, das emoções, vai para onde puxa o que ‘está a dar’ e não para onde quer e deve. Estar solto não é o mesmo que ser livre. E comprometer-se livra-nos da escravidão das fantasias e dos apetites.
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Podes ganhar a paz ou comprá-la; ganhá-la-ás, resistindo ao mal; comprá-la-ás, aceitando o compromisso com o mal.
Costumo voltar atrás, sim. Não tenho compromisso com o erro.
A melhor prova duma real amizade está em evitar os compromissos entre aqueles que se estimam.