Frases de José Saramago

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Frases de José Saramago. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.

É evidente: a maldade, a crueldade, são inventos da razão humana, da sua capacidade para mentir, para destruir.

Dentro ou fora de mim, todos os dias acontece algo que me surpreende, algo que me comove, desde a possibilidade do impossível a todos os sonhos e ilusões. É essa a matéria da minha escrita, por isso escrevo e por isso me sinto tão bem a escrever aquilo que sinto.

Provavelmente não sou um romancista; provavelmente eu sou um ensaísta que precisa de escrever romances porque não sabe escrever ensaios.

É preocupante ver que a sociedade inteira é uma sociedade amorfa, abúlica. As camadas médias e altas só se preocupam com as suas próprias satisfações, perante um mundo destroçado, onde a diferença entre os que têm e os que não têm, os que sabem e os que não sabem, é cada vez maior.

Este país (Portugal) preocupa-me, este país dói-me. E aflige-me a apatia, aflige-me a indiferença, aflige-me o egoísmo profundo em que esta sociedade vive. De vez em quando, como somos um povo de fogos de palha, ardemos muito, mas queimamos depressa.

Em vez de ouvirem os escritores em busca de respostas sobre o que somos, as pessoas precisam ouvir umas às outras, porque nós, autores, não somos mais do que meros trabalhadores da palavra.

Os escritores aos quais eu volto sempre são Montaigne, Pessoa e Kafka. O primeiro porque somos a matéria do que escrevemos, o segundo porque somos muitos e não um, o terceiro porque esse um que não somos é um coleóptero.

Acho que Deus Nosso Senhor fez o mundo e fez também as contradições e depois, como não sabia onde as havia de meter, é que inventou o homem.

O senso comum é o terreno donde me recuso a sair, simplesmente por ter a consciência claríssima das minhas próprias limitações.

Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro.

Tento ser, à minha maneira, um estóico prático, mas a indiferença, como condição da felicidade, nunca teve lugar na minha vida, e se é certo que busco afincadamente o sossego do espírito, também é certo que não me libertei nem pretendo libertar-me das paixões.

Onde estava todo esse dinheiro? Estava muito bem guardado. De repente, ele apareceu logo, para salvar o quê? Vidas? Não. Apareceu para salvar os bancos.

Deus e a morte são as duas faces da mesma moeda. Não podem passar um sem outro. Sem morte não haveria Deus, porque não o inventariam. Mas sem Deus não haveria morte, porque Deus tinha de fazer a vida finita.

Sou a pessoa mais banal deste mundo. Limito-me a sentar-me à secretária, meter a folha de papel na máquina e ir até onde posso. É como quem entra no escritório e sai dele. Não faço nenhuma espécie de exercícios de aquecimento, nem físicos, nem psíquicos.

Isso a que chamamos a «construção duma Europa unida» não passa de uma falácia de mau gosto. A relação de poder entre os diversos Estados europeus continua a ser a que foi sempre: países que mandam, países que obedecem.